Uma jovem de 23 anos, chamada Thamily Venâncio Ereno, estudante de Odontologia, foi baleada na cabeça durante uma operação da Polícia Civil no bairro São Sebastião, em Criciúma, na tarde de sexta-feira, 21 de outubro. O falecimento dela foi confirmado neste domingo, 23 de outubro.
Thamily era namorada de Kauan de Oliveira Filastro, de 20 anos, que é o alvo da operação, suspeito de envolvimento em tráfico de drogas e organização criminosa. No momento da abordagem, a jovem estava em um veículo de aplicativo. Ela foi internada no Hospital São José com diagnóstico de morte encefálica na noite de sexta-feira, mas ainda apresentava sinais vitais, vindo a falecer posteriormente.
Conforme informações fornecidas pela Polícia Civil, a operação tinha como objetivo cumprir um mandado de prisão contra Kauan. A versão oficial indica que, durante a abordagem, o motorista do aplicativo teria tentado fugir, acelerando o carro em marcha à ré em direção aos policiais, o que levou um dos agentes a disparar, atingindo Thamily, que ocupava o banco traseiro.
Entretanto, a defesa do motorista, que não foi identificado, apresentou uma narrativa diferente. De acordo com a nota oficial, o motorista estava transportando o casal quando foi surpreendido por dois homens armados que desceram de um veículo sem identificação. Pensando que se tratava de uma tentativa de assalto, ele tentou dar marcha à ré, mas se deparou com outro carro. Ao tentar desviar, ocorreu uma colisão com uma segunda viatura, o que resultou no disparo de uma agente policial, que atingiu a passageira. Após o incidente, o namorado de Thamily foi preso, a jovem foi atendida pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), e o motorista foi levado à delegacia para prestar depoimento.
Adicionalmente, a defesa argumenta que o motorista se tornou vítima de uma “articulação policial” destinada a atribuir-lhe a responsabilidade por uma fictícia tentativa de homicídio contra os agentes, afirmando que ele não tinha conhecimento da condição dos homens como policiais no momento da suposta fuga. A defesa também criticou o andamento da investigação, notando que todos os envolvidos foram ouvidos, exceto a policial que disparou a arma. Outro aspecto levantado foi o relato de uma testemunha que gravou a ocorrência, mas que teria sido forçada a entregar o celular a um policial e apagar as imagens relacionadas ao evento para recuperar o aparelho.
A defesa manifestou preocupação quanto ao que considera um prejulgamento do motorista por parte do delegado encarregado da investigação e do delegado-geral de Santa Catarina, que o teriam considerado culpado de tentativa de homicídio e desobediência à ordem policial. Em função disso, a defesa aguarda que o Poder Judiciário assegure ao motorista o direito à ampla defesa, para que tanto a investigação policial quanto o processo penal não sejam reduzidos a meras formalidades, garantindo, assim, a preservação de seus direitos fundamentais.