Os juros futuros de longo prazo apresentaram uma tendência de queda consistente a partir do meio da tarde, após um período de flutuações entre baixa e estabilidade durante a sessão. As taxas de longo prazo começaram a indicar uma diminuição, acompanhando a redução mais acentuada das taxas dos Treasuries. Esse movimento está vinculado ao anúncio da reciprocidade na aplicação de tarifas feito pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que se revelou menos prejudicial do que o esperado. Em relação aos prazos curtos e intermediários, a percepção de uma desaceleração econômica, evidenciada pela retração das vendas no varejo, manteve as taxas em baixa desde a abertura do mercado.
Após o anúncio de Trump sobre o plano de tarifas, o mercado americano fechou em alta, enquanto o Bitcoin experimentou uma queda devido à falta de novos sinais positivos. O comércio de café robusta atingiu um novo recorde, e o açúcar branco alcançou seu nível mais alto em dois meses. Com a recente onda de alívio no mercado, toda a curva de taxas de juros fechou abaixo de 15%. O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 finalizou em 14,82%, inferior à taxa de 14,89% observada no dia anterior, e a taxa do DI para janeiro de 2027 caiu de 15,05% para 14,93%. A taxa do DI para janeiro de 2029 encerrou em 14,78%, comparada a 14,91% anteriormente.
A expectativa de que Trump anunciaria a reciprocidade das tarifas ainda naquele dia manteve o mercado em expectativa ao longo do dia. A pressão de alta no dólar foi amenizada no DI, em função da redução dos yields dos títulos do Tesouro dos EUA, que mantiveram as taxas longas próximas aos ajustes. No final da tarde, Trump assinou um memorando contendo as medidas, o que gerou alívio com a informação de que a reciprocidade não seria aplicada de maneira uniforme, mas sim segmentada por tipo de produto, envolvendo veículos, chips e produtos farmacêuticos. Isso reduziria o potencial impacto sobre a balança comercial brasileira, apesar de Trump ter mencionado o etanol brasileiro como um exemplo da falta de tratamento recíproco aos EUA. A implementação das novas medidas está prevista para o dia 1º de abril, proporcionando tempo para que os países definam suas estratégias de negociação.
Com isso, os retornos dos Treasuries ampliaram a queda; à tarde, a T-Note, que havia rompido a barreira de 4,60% no dia anterior, estava em 4,52%. O dólar, por sua vez, desacelerou sua alta em relação ao real, encerrando a sessão a R$ 5,7689 no mercado à vista.
No âmbito interno, fatores específicos influenciaram a dinâmica das taxas de juros de curto prazo, conforme apontam especialistas do setor de renda fixa. A Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) referente a dezembro revelou uma retração de 0,1% nas vendas, conforme o conceito restrito, alinhada com a mediana das previsões. Entretanto, a queda de 1,1% nas vendas sob o conceito ampliado contrariou a expectativa geral dos analistas, que previam um aumento de 0,1%. Chamou a atenção o desempenho insatisfatório de setores ligados ao crédito, como o de veículos, que apresentou uma queda de 0,8% devido aos juros elevados. Considerando o ano de 2024, as vendas mostraram incrementos de 4,7% (restrito) e 4,1% (ampliado).
Os resultados do varejo em dezembro, somados à contração dos serviços e da indústria, sustentam a percepção de uma desaceleração econômica desde o final do ano passado, o que pode restringir o orçamento total de elevações da Selic. Consequentemente, as expectativas em relação à Selic terminal vêm diminuindo nos últimos dias. Após iniciar a semana ligeiramente acima de 15,75%, a taxa registrada nesta tarde situava-se em 15,50%, conforme indicações do economista-chefe do BMG.