A SpaceX realizou o lançamento de uma equipe de astronautas que assumirá funções na Estação Espacial Internacional, substituindo os astronautas da NASA, Sunni Williams e Butch Wilmore. Essa transição permitirá que a dupla retorne à Terra após uma estadia que, inicialmente prevista para alguns dias, se prolongou por nove meses devido a circunstâncias políticas. A missão Crew-10, parte da rotatividade de equipe realizada em colaboração pela NASA e pela SpaceX, decolou às 20h03, horário de Brasília, na sexta-feira, a partir do Centro Espacial Kennedy, localizado na Flórida.
A cápsula Dragon da SpaceX, lançada por um foguete Falcon 9, transportou a equipe da Crew-10, que inclui Anne McClain e Nichole Ayers, da NASA, Takuya Onishi, da Agência Japonesa de Exploração Aeroespacial (JAXA), e o cosmonauta Kirill Peskov, da Roscosmos. A expectativa é que os quatro astronautas se acoplem à estação espacial por volta das 0h30 do domingo, horário de Brasília. Após essa acoplagem, eles realizarão um breve período de transição com Williams, Wilmore e seus colegas da Crew-9, Nick Hague, da NASA, e Aleksandr Gorbunov, da Roscosmos. A Crew-9 permanece acoplada à estação desde setembro, e se tudo ocorrer conforme o planejado, o retorno dos astronautas da Crew-9 à Terra está agendado para o dia 19 de março.
O retorno de Williams e Wilmore estava inicialmente programado para domingo, mas a partir da partida da nova equipe de substituição. Um lançamento anterior da Crew-10 foi cancelado devido a problemas técnicos nos sistemas da plataforma de lançamento. O novo cronograma se aproxima da data de retorno prevista para o final de março, a qual havia sido comunicada aos astronautas pela NASA em dezembro. A mudança se deu quando a SpaceX decidiu substituir a cápsula Dragon usada na Crew-10, visando acelerar o retorno de Williams e Wilmore.
Embora tentativas de lançamento possam ser frequentemente canceladas por problemas técnicos, o atraso na decolagem da Crew-10 reacendeu o debate sobre se os astronautas estavam “presos” ou “abandonados” no espaço, descrições que ambos rejeitam. Wilmore expressou, em uma entrevista, que preferem mudar essa narrativa para uma que enfatize seu preparo e comprometimento.
Após a passagem das funções para a Crew-10, a Crew-9 poderá utilizar sua cápsula para retornar, marcando a conclusão da longa estadia de Williams e Wilmore no espaço. A situação de sua permanência foi amplamente politizada, especialmente com comentários do CEO da SpaceX, Elon Musk, e do ex-presidente Donald Trump, que sugeriram que o governo atual havia negligenciado a situação dos astronautas. No entanto, Williams e Wilmore estão cientes de que retornariam à Terra com a Crew-9, conforme o cronograma regular de rotação.
A administradora interina da NASA afirmou que esperava que a nova equipe de astronautas experimentasse emoções conflitantes durante este processo de transição. Ela ressaltou que ir ao espaço é uma rara oportunidade para os astronautas, e a saída da Crew-9 pode trazer sentimentos mistos.
A Crew-9, na qual Williams e Wilmore participaram, começou sua missão com o lançamento do voo de teste da cápsula Starliner da Boeing. Contudo, problemas técnicos durante o trajeto culminaram na decisão da NASA de estender a estadia deles na estação até que todas as condições fossem adequadas para o retorno. A decisão de integrar Williams e Wilmore à rota regular da Crew-9 foi feita visando a redução de custos em comparação com uma missão de resgate externa.
A administração da NASA justificou que não fazia sentido apressar um voo para resgatar os astronautas antes da hora, uma vez que isso acarretaria custos excessivos. Embora Musk tenha afirmado queSpaceX poderia ter trazido Williams e Wilmore de volta meses atrás, essa alegação foi contestada por ex-funcionários da NASA, que afirmaram nunca ter recebido tal proposta.
Em relação a sua estadia, Williams e Wilmore sempre afirmaram que estavam aproveitando o tempo no espaço e desmentiram especulações de abandono. Ambos destacaram estar bem preparados e satisfeitos com as condições na estação. O retorno da Crew-9 à Terra sempre dependia do sucesso do lançamento da Crew-10, essencial para a continuidade das operações da estação.
Por fim, a NASA e a Roscosmos, em parceria com outras agências espaciais, buscam manter um número adequado de astronautas na estação espacial a qualquer momento, e a Crew-10 foi considerada uma missão crítica para a manutenção dessa presença. Caso haja uma paralisação governamental, a missão Crew-10 não deve ser afetada, embora a cobertura da NASA TV poderá sofrer alterações.