A corrida para a substituição do primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, está em andamento. Os principais contendores para a liderança do Partido Liberal incluem Chrystia Freeland e Mark Carney, ambos reconhecidos internacionalmente, que afirmam estar prontos para enfrentar uma variedade de desafios, tanto no âmbito nacional quanto internacional, como o aumento das tensões comerciais com os Estados Unidos. Após enfrentar uma série de crises políticas ao longo do último ano, Trudeau anunciou sua intenção de renunciar ao cargo de líder do partido assim que seu sucessor for escolhido, com a perspectiva de também deixar a posição de primeiro-ministro após a transição.
Neste domingo, os membros do Partido Liberal contarão os votos e anunciarão quem será o novo líder. Esse processo acontece em um momento crucial, já que o Canadá se prepara para uma eleição geral até o final do ano.
Trudeau, que liderou o Partido Liberal por mais de dez anos, assumiu como primeiro-ministro em 2015 com promessas de um futuro promissor para o país. Desde então, ele foi reeleito duas vezes, a mais recente em 2021, período durante o qual, embora tenha mantido o cargo, perdeu a maioria no governo. Sua administração se destacou por uma agenda progressista, abordando temas como mudanças climáticas e a injustiça histórica contra os povos indígenas. Contudo, os últimos anos de seu governo foram marcados por um crescente descontentamento econômico e pela renúncia inesperada de Freeland, que era vice-primeira-ministra e ministra das finanças, logo antes da apresentação do balanço fiscal do país.
Trudeau decide deixar a liderança do partido em um contexto de desafios significativos para os liberais, com as eleições gerais marcadas para outubro. Nas pesquisas, o partido enfrenta resultados desfavoráveis em comparação aos conservadores liderados por Pierre Poilievre. Recentemente, no entanto, a oposição conservadora tem perdido força, à medida que potenciais sucessores de Trudeau, como Carney, adotam posições firmes em relação à disputa comercial com os Estados Unidos.
Embora Trudeau se retire da liderança do partido após a votação, ainda não há uma data definida para sua saída como primeiro-ministro. O próximo líder liberal poderá convocar novas eleições federais em prazos que variam de dias a meses.
As relações entre o Canadá e os Estados Unidos deterioraram-se durante o governo de Trump. Nos últimos meses, o presidente dos EUA acusou o Canadá de ser responsável pela imigração ilegal e ameaçou tornar o Canadá o 51º estado dos Estados Unidos, além de impor tarifas elevadas sobre produtos canadenses, justificadas pela necessidade de conter o fluxo de fentanil.
O confronto entre Trump e Trudeau fomentou um sentimento de nacionalismo entre alguns canadenses, evidenciado por reações durante eventos esportivos. As tensões comerciais também podem ter proporcionado certa vantagem ao Partido Liberal, já que Poilievre, o líder conservador, tenta se distanciar da figura de Trump, afirmando em coletiva que não se identifica com o movimento “Make America Great Again”.
Analistas políticos destacam que o futuro líder do Partido Liberal terá que ser um negociador assertivo, especialmente em questões tarifárias. A política canadense enfrenta mudanças, com uma possível abordagem mais proativa e nacionalista a depender de quem assumir a liderança.
Mark Carney é um dos principais candidatos na disputa. Como ex-governador do Banco da Inglaterra e do Banco do Canadá, ele centrará sua campanha em temas como energia limpa e políticas climáticas. Carney enfatizou sua experiência em lidar com crises passadas, incluindo sua atuação durante a crise financeira de 2008 e sua liderança na economia britânica durante o Brexit.
Chrystia Freeland, outra forte concorrente, é uma ex-jornalista que ascendeu a importantes cargos no gabinete sob a liderança de Trudeau. Ela já lidou diretamente com questões comerciais em sua função de ministra das Relações Exteriores, negociando o acordo de livre comércio com os EUA e o México. Sua renúncia recente foi um marco significativo para o governo de Trudeau.
Karina Gould, reconhecida como a ministra mais jovem do país, está ciente da necessidade de uma mudança geracional no Partido Liberal. Ela propõe aumentos nos impostos para grandes empresas e prioriza resolver as disputas comerciais com os EUA antes das eleições gerais.
Frank Baylis, ex-parlamentar de Montreal, também se destaca na disputa. Ele sugeriu a construção de gasodutos para diversificar os mercados canadenses e criticou os erros do governo anterior nas negociações com Trump, enfatizando a necessidade de ser firme em situações desafiadoras.
