Na quinta-feira, 20, a Rússia designou o ex-oficial do Serviço Federal de Segurança (FSB), Sergei Beseda, para liderar as negociações de paz referentes à guerra na Ucrânia. As tratativas estão previstas para começar na próxima segunda-feira, 24, com a mediação dos Estados Unidos e da Arábia Saudita. Beseda, que já supervisionou as operações de Inteligência relacionadas a Kiev e recrutou colaboradores antes do conflito, viajará a Riad para dar início às discussões do lado russo. Os objetivos das negociações incluem a formalização de um acordo de cessar-fogo parcial de 30 dias e a instauração de um diálogo para uma trégua marítima.
O ex-oficial será acompanhado por Grigory Karasin, presidente do Comitê de Assuntos Internacionais do Senado da Rússia, nesta nova fase das negociações. O cessar-fogo foi aceito pelo presidente russo, Vladimir Putin, em uma ligação com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. No entanto, o Kremlin apresentou uma extensa lista de condições para a ratificação do acordo, que foram caracterizadas pelo presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, como “demandas desnecessárias” que poderiam servir apenas para prolongar o conflito.
Em uma declaração na capital norueguesa, Oslo, Zelensky relatou que a Rússia lançou quase 200 drones Shahed iranianos em direção à Ucrânia, causando danos a prédios residenciais, uma igreja e infraestrutura, além de resultar em ferimentos para 10 pessoas, incluindo quatro crianças. O líder ucraniano aproveitou a oportunidade para criticar Moscou, declarando que “a cada lançamento, os russos revelam ao mundo sua verdadeira postura em relação à paz”.
Além disso, a Ucrânia realizou um ataque que resultou em uma grande explosão em uma base de bombardeio nuclear estratégico na cidade de Engles, na Rússia. A explosão causou um incêndio que se estendeu por uma área de 700 quilômetros. Pelo menos 10 pessoas foram feridas, e de acordo com o Ministério da Defesa russo, 132 drones ucranianos foram interceptados em seu espaço aéreo.
Após a conversa com Putin, o governo dos Estados Unidos informou que as partes concordaram em manter “negociações técnicas” sobre um cessar-fogo marítimo, seguido por uma trégua total e uma paz duradoura. A implementação dessa pausa nas hostilidades, se concretizada, impediria os bombardeios sobre a infraestrutura e a rede energética da Ucrânia durante um mês.
O Kremlin também divulgou uma extensa lista de condições e exigências estabelecidas por Putin para que o acordo entre em vigor. Embora tenha afirmado concordar com a trégua, o comunicado ressalta que a Rússia delineou “pontos significativos” que requerem consideração adicional, como a necessidade de “controle efetivo” ao longo da linha de frente e a suspensão da mobilização de ucranianos e do rearmamento de suas forças durante a pausa nas hostilidades. Além disso, uma condição crucial apresentada por Moscou é o término completo da ajuda militar e do compartilhamento de inteligência com a Ucrânia por parte de seus aliados estrangeiros.
A declaração do Kremlin ainda menciona que Putin “respondeu de maneira construtiva” à proposta de cessar-fogo marítimo e que mais negociações sobre esse assunto estão programadas. O texto também informa que Putin comunicou a Trump sobre um plano para a troca de 175 prisioneiros de guerra de cada lado com a Ucrânia. Como um “gesto de boa vontade”, mencionou-se uma nova libertação de 23 soldados ucranianos “gravemente feridos”. Além disso, a declaração inclui uma sugestão curiosa de Putin para “organizar partidas de hóquei nos Estados Unidos e na Rússia” envolvendo jogadores das ligas nacionais de ambos os países.