O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, declarou, em 31 de outubro, que os Estados Unidos enfrentariam um “golpe recíproco” caso decidissem seguir a ameaça do presidente Donald Trump de bombardear o país, caso Teerã não chegasse a um novo acordo nuclear. Uma reafirmação da ameaça foi feita por Trump no dia anterior, quando afirmou que o Irã seria alvo de ataques se não aceitasse sua proposta de negociações, a qual foi apresentada em uma carta enviada à liderança iraniana no início de março, dando a Teerã um prazo de dois meses para responder.
Khamenei afirmou que a hostilidade entre os EUA e Israel sempre existiu e, apesar de considerarem improvável um ataque, advertiu que qualquer ação maliciosa resultaria em uma retaliação significativa. Ele também mencionou que, caso os EUA tentassem incitar desordem dentro do país, como ocorrido em anos anteriores, o próprio povo iraniano se encarregaria de lidar com a situação.
As autoridades iranianas atribuem a agitação recente à influência ocidental, incluindo os protestos de 2022 e 2023 que se seguiram à morte de Mahsa Amini, uma jovem que estava sob custódia por supostamente não cumprir as regras do hijab. Além disso, ressaltam os protestos nacionais de 2019, motivados pelo aumento dos preços dos combustíveis.
Na semana anterior, o Irã respondeu à carta dos EUA, através do presidente Masoud Pezeshkian, que informou que Teerã não participaria de negociações diretas com Washington, mas estava aberta a continuar o diálogo de forma indireta, em conformidade com uma orientação de Khamenei. Durante seu primeiro mandato, Trump retirou os EUA de um acordo de 2015 entre o Irã e potências globais que limitava rigorosamente as atividades nucleares do país em troca de alívio em sanções. Desde então, novas sanções abrangentes foram reimpostas, e o Irã passou a exceder os limites de enriquecimento de urânio estabelecidos por esse acordo.
As potências ocidentais acusam o Irã de ter um programa clandestino voltado para o desenvolvimento de armas nucleares, através do enriquecimento de urânio em níveis que consideram excessivos para um programa destinado à energia civil. Por sua vez, Teerã defende que seu programa nuclear tem como único objetivo a geração de energia civil.