Lindbergh Farias denuncia atividades de Eduardo Bolsonaro com autoridades dos EUA e alerta sobre risco de crise diplomática entre Brasil e Estados Unidos
O líder do Partido dos Trabalhadores (PT) na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias, apresentou um depoimento à Polícia Federal, no qual revelou a entrega de um extenso conjunto de documentos. Alegadamente, esses documentos demonstram a atuação de Eduardo Bolsonaro em articulações internacionais visando deslegitimar o sistema judiciário brasileiro e interferir no julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro. A bancada petista solicitará, entre outras medidas, a suspensão do passaporte diplomático de Eduardo Bolsonaro.
Lindbergh afirma que foram submetidos mais de 600 documentos, abrangendo declarações públicas de Eduardo Bolsonaro que indicariam crimes como coação, obstrução de justiça e ações contra o Estado Democrático de Direito. O parlamentar expressou preocupação com o que considera uma continuidade de atos golpistas, afirmando que os eventos de 8 de janeiro foram apenas uma fase de um processo mais amplo. "Antes disso, já havia tentativas de descredibilização do sistema eleitoral", concluiu.
As evidências apresentadas incluem encontros de Eduardo Bolsonaro com parlamentares dos Estados Unidos, como Maria Elvira Salazar e Mario Díaz-Balart, além de reuniões no Departamento de Estado. Tais interações resultaram em questionamentos direcionados ao ministro Alexandre de Moraes, ao procurador-geral da República e a delegados da Polícia Federal, o que Lindbergh aponta como uma "depredação simbólica" das instituições brasileiras.
O parlamentar também destacou a possibilidade de uma crise diplomática entre Brasil e Estados Unidos, caso sanções contra autoridades brasileiras avancem no Congresso norte-americano. Ele argumentou que isso representaria um ataque à soberania nacional e pediu uma postura firme do governo brasileiro, especialmente do Itamaraty, para enfrentar possíveis represálias.
Entre os elementos centrais do depoimento está o pedido de bloqueio dos bens de Jair Bolsonaro, fundamentado na alegação de que recursos captados via Pix, que totalizam mais de R$ 17 milhões, estariam sendo utilizados para atividades que visam sabotar o Judiciário. Lindbergh também requisitou a quebra de sigilos bancário e fiscal de Jair Bolsonaro e outros associados, além de investigar movimentações financeiras suspeitas relacionadas a Eduardo Bolsonaro.
Em uma análise crítica, Lindbergh afirmou que Eduardo Bolsonaro se "autoincrimina" por meio de declarações públicas e citou um momento em que o deputado parabenizou outro congressista norte-americano por um ataque à justiça brasileira. Para o líder do PT, as recentes declarações de Jair Bolsonaro corroboram essa narrativa golpista, especialmente quando ele sugere a necessidade de apoio externo para reverter a situação política no Brasil.
Por fim, Lindbergh pediu a suspensão do passaporte diplomático de Eduardo Bolsonaro e reiterou a urgência de uma resposta do governo brasileiro a potenciais sanções. Ele enfatizou a gravidade da situação, afirmando que essa é a primeira vez que um grupo político age em favor de interesses estrangeiros em prejuízo dos interesses nacionais, destacando a inédita natureza desse fenômeno na história republicana do Brasil. A documentação apresentada será encaminhada ao procurador-geral da República e poderá servir como base para ações cautelares. O PT exige respostas decisivas do Executivo para evitar a escalada da crise diplomática.
