14 abril 2025
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Literatura em Resistência: O Poder de Enfrentar Desafios

O humor do escritor sul-coreano Sang Young Park é caracterizado por sua sutileza, manifestando-se de maneira discreta nas entrelinhas. Esse estilo provoca reações contidas, como sorrisos sutis, ao invés de risadas abertas. Essa abordagem está presente em “Regras do Amor na Cidade Grande”, seu mais recente romance, que explora os desafios e preconceitos enfrentados por um jovem gay na Coreia do Sul, oferecendo um retrato provocador da juventude urbana.

O livro foi publicado no Brasil pela Editora Record e já foi adaptado para uma série na plataforma Rakuten Viki. Recentemente, chegou aos cinemas brasileiros em uma versão cinematográfica roteirizada pelo próprio autor e dirigida por E.oni. Os papéis principais na adaptação estão nas mãos de Kim Go-eun e Steve Sanghyun Noh, artistas conhecidos no cenário dos dramas coreanos.

Em uma entrevista, o autor compartilhou sua perspectiva sobre o processo criativo e o impacto de suas obras. Ele mencionou que, embora não ria durante a escrita, costuma rir ao editar ou reler suas obras, reconhecendo que seu eu mais jovem tinha um senso de humor mais intenso. A percepção de que sua literatura ressoava internacionalmente surgiu após a publicação de “Love in the Big City”, quando ele recebeu reações surpreendentemente similares de leitores em diferentes culturas.

O momento em que foi informado sobre ser finalista do Prêmio Booker foi marcante; recebeu a notícia enquanto se exercitava. A experiência foi descrita como um momento onde o tempo pareceu parar, refletindo a admiração que tinha pelo prêmio desde jovem. Se pudesse se comunicar com seu eu do passado, ele aconselharia a perseverar, pois a vida traz surpresas e é cheia de oportunidades inesperadas.

Sang Young Park descreve sua escrita como “agridoce”, refletindo tanto sua vida pessoal quanto sua produção literária. Ele acredita que todos carregamos um certo grau de tristeza, o que nos torna empáticos uns com os outros. Sobre escrever sobre a vida queer na Coreia, ele afirma que isso representa um ato de resistência, já que simplesmente existir como parte dessa comunidade já é uma luta em si.

Ao falar sobre um tour imaginário em Seul, ele apontou três locais essenciais: o Parque Naksan, onde ocorrem momentos românticos em seu romance; Seongsu-dong, uma área transformada de uma zona industrial para um centro moderno; e Itaewon, conhecido por sua vibrante vida noturna. Em relação à percepção ocidental da Coreia do Sul, o autor destaca que, apesar do progresso econômico, a mentalidade do país permanece, em muitos aspectos, conservadora.

Entre suas atuais obsessões culturais, Park menciona a autora Annie Ernaux e seu livro “Paixão Simples”, além de “O Retorno a Reims”, de Didier Eribon. Ele também se mostra entusiasta de dramas da HBO e do K-pop, buscando inspiração em diversas formas de arte popular. Se sua vida fosse retratada em um K-drama, o título seria “Amor na Cidade Grande”, começando com ele acordando ao lado de um desconhecido.

Quanto a bebidas que combinam com suas obras, ele reconhece que todas poderiam ser adequadas: cerveja para “Jaehee”, soju para “Taste of Universe”, café para “Love in the Big City” e vinho para “Vacation After the Rainy Season”, ressaltando a versatilidade de suas histórias. Um de seus personagens, o jovem, se destacaria nas redes sociais, buscando atenção e compartilhando seus momentos cotidianos.

Finalmente, ele revela que a Coreia tem uma cultura digital avançada e um sistema que permite o acesso a registros escolares. Essa cultura de “rasgar” registros estudantis, uma tendência entre os jovens, influenciou seu desejo de se tornar escritor, motivado pela vontade de acompanhar essas mudanças sociais.

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