O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve formalizar, no início desta semana, a mudança no comando do Ministério das Mulheres. A ministra atual, Cida Gonçalves, deverá ser substituída por Márcia Lopes, ex-ministra do Desenvolvimento Social e considerada uma pessoa de confiança do presidente. É esperado que esse anúncio ocorra antes da viagem de Lula à Rússia, programada para quinta-feira.
Márcia Lopes, assistente social e ex-ministra, recebeu o convite de Lula para assumir o Ministério das Mulheres em março deste ano. Na ocasião, os dois tiveram uma reunião informal, durante a qual tiveram uma “boa conversa”. A nova ministra chega a Brasília (DF) nesta segunda-feira e deverá se encontrar com Lula no mesmo dia.
Preliminarmente, Márcia Lopes assinará o termo de posse em uma cerimônia privada com o presidente, mas há previsões de um evento formal após a viagem do presidente à Rússia. Na última sexta-feira, Lula teve uma conversa de cerca de meia hora com Cida Gonçalves. Embora o ministério tenha informado que a agenda tratou de assuntos gerais da pasta, incluindo a implementação da lei sobre igualdade salarial, fontes do Palácio do Planalto afirmam que Cida já foi informada sobre a mudança planejada.
Caso se concretize, a saída da ministra ocorrerá em um contexto de desgaste político e críticas internas à sua atuação, destacando a falta de visibilidade do ministério. No Palácio do Planalto, a demissão é considerada iminente, especialmente em razão de comentários controversos sobre sua relação com a primeira-dama, Janja da Silva, de quem Cida é próxima.
Ainda em fevereiro, durante um depoimento à Comissão de Ética da Presidência da República, a ministra relatou que costuma interromper sua agenda para atender a primeira-dama. Nesse mesmo depoimento, Cida afirmou que não respondia a chamadas de dois ministros, nomeadamente Alexandre Padilha e Márcio Macêdo.
Cida Gonçalves foi alvo de um processo, que posteriormente foi arquivado, por suspeita de assédio moral. Investigações internas indicaram que ela teria sugerido apoio financeiro a uma servidora em troca de silêncio sobre uma denúncia relacionada a racismo.