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Na última terça-feira, 21, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mencionou a seus colaboradores que a insatisfação sobre a divulgação de uma portaria – que posteriormente impactou o Palácio do Planalto – não se tratava de uma crítica ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, como muitos interpretaram na reunião ministerial do dia anterior, 20. Em conversas entre autoridades, Lula destacou que esse comentário visava alertar todos os ministérios sobre a importância de considerar as possíveis repercussões políticas de suas ações, mesmo aquelas que possuem um caráter técnico, como foi o caso da portaria da Receita Federal a respeito do monitoramento das transações financeiras realizadas via Pix.
Após a oposição utilizar a norma como argumento para difundir a narrativa de que haveria a taxação do Pix e uma pressão por parte do governo sobre empreendedores e pequenos empresários, Lula foi forçado a revogar a norma. Apesar da Receita Federal ter tentado desmentir essa versão, chamando-a de mentira, a tentativa de equilibrar a situação nas redes sociais falhou. Diante dos danos à imagem do governo, a decisão de recuar se tornou necessária. O presidente enfatizou: “A partir de agora, nenhum ministro poderá emitir uma portaria que cause problemas sem que passe pela presidência através da Casa Civil. Frequentemente pensamos que se trata de algo irrelevante, mas uma portaria qualquer pode gerar uma grande confusão e recair na Presidência da República.”
A comunicação do governo falhou em transmitir corretamente a mensagem e, publicamente, a impressão era de que havia ocorrido uma reprimenda a Haddad. O momento não poderia ser mais delicado para ele, especialmente desde que, no final do ano passado, o governo deixou de apoiar as suas propostas e anunciou um pacote de cortes de gastos considerado tímido por analistas econômicos. Atualmente, há incertezas em relação à capacidade do governo de reduzir despesas e controlar o crescimento da dívida. Além disso, paira a dúvida se Haddad conseguirá resistir a pressões por soluções populistas, como a possibilidade de implementar cortes bruscos nas taxas de juros e nos preços de alimentos, ambas preocupações do presidente Lula, que deixou claro durante a reunião que a corrida para as eleições presidenciais de 2026 já teve início.