Durante uma coletiva de imprensa no Vietnã, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou a intenção de dialogar com Donald Trump, devido às novas tarifas comerciais que estão prestes a entrar em vigor nos Estados Unidos. Lula afirmou que está aberto a se comunicar com o presidente americano “quando sentir necessidade de conversar”. Ele reconhece que as tarifas anunciadas, que incluem uma taxa de 25% sobre a importação de automóveis e peças automotivas não fabricados nos EUA, podem afetar indiretamente o setor automotivo brasileiro, mesmo que o Brasil não exporte diretamente esses produtos.
O anúncio de tarifas, programado para a próxima quarta-feira (2), é parte de um conjunto de medidas econômicas que Trump alega serem uma resposta a relações bilaterais desiguais. O presidente Lula destacou a vontade do Brasil de explorar todas as alternativas de negociação antes de considerar ações de reciprocidade ou solicitar intervenção da Organização Mundial do Comércio (OMC). Ele enfatizou a importância de tentar estabelecer um comércio livre com os EUA, afirmando que o país pretende utilizar todos os recursos disponíveis para isso.
Além disso, Lula elogiou a abordagem de Trump em relação ao conflito entre Rússia e Ucrânia, afirmando que, apesar de poder ser contrário ao ex-presidente, ele reconhece que Trump está agindo corretamente ao buscar a paz entre as duas nações. Recentemente, um acordo mediado pelos EUA resultou em um cessar-fogo na região do Mar Negro, com o objetivo de permitir navegação comercial e facilitar a troca de prisioneiros.
Enquanto o governo brasileiro busca um diálogo produtivo com os EUA, também se prepara para possíveis retaliações comerciais. O vice-presidente Geraldo Alckmin e o chanceler Mauro Vieira já se reuniram com representantes dos EUA para discutir os efeitos das novas tarifas. Lula apontou que o Brasil não hesitará em recorrer à OMC, ou em impor medidas de reciprocidade, caso as negociações não avancem. Ele ressaltou que os Estados Unidos não estão isolados no cenário global.
Nos bastidores, diplomatas brasileiros observam que a OMC enfrenta desafios na mediação de disputas comerciais, em parte pela falta de nomeações de juízes por parte dos EUA, o que tem paralisado o órgão que resolve conflitos. A viagem de Lula à Ásia, que incluiu também o Japão, foi uma oportunidade para fortalecer os laços econômicos e comerciais do Brasil com o continente. Durante sua estada no Vietnã, o presidente anunciou a autorização para venda de carne bovina brasileira e mencionou o avanço nas discussões de um acordo comercial entre o Mercosul e o país asiático. Essa iniciativa busca diversificar as parcerias econômicas do Brasil em face das incertezas nas relações comerciais com os Estados Unidos.