Gleisi Hoffmann é uma figura proeminente do Partido dos Trabalhadores (PT), evidenciando seu comprometimento com a sigla e com o presidente Lula em diversas ocasiões. Seu histórico inclui a atuação antes da Operação Lava Jato, o apoio durante o período de prisão de Lula, a contribuição decisiva na vitória sobre Jair Bolsonaro e a recente articulação que possibilitou a eleição de Hugo Motta para a presidência da Câmara dos Deputados. Essa trajetória multifacetada destaca as diversas habilidades de Hoffmann no cenário político.
No entanto, o seu estilo combativo pode não ser a abordagem mais adequada para o cargo de articulação política em um governo que enfrenta desafios como a alta inflação de alimentos, uma queda na popularidade do presidente e relações complicadas com o Congresso. Um candidato do centrão, que tenha lealdade ao governo, pode ser uma alternativa mais eficaz. Nesse contexto, o nome do ministro Silvio Costa Filho, que pertence ao partido do presidente da Câmara, Hugo Motta, passou a ser considerado. Sua inserção no governo poderia facilitar uma saída da situação delicada em que Lula se encontra, especialmente na gestão de relações com um Congresso conservador. Além disso, essa mudança poderia contribuir para uma reintegração da perspectiva de uma frente ampla na terceira gestão do presidente.
Embora Gleisi Hoffmann possua várias qualidades, a conciliação não é a principal delas, o que é essencial para o Ministério das Relações Institucionais. Histórica e politicamente, a presidente do PT tem se destacado pela confrontação e pelo embate, sendo frequentemente bem-sucedida em sua carreira política nesse formato.
Nos corredores de Brasília, há uma percepção de que Gleisi, como presidente do partido, pode atuar de uma forma, enquanto como representante do presidente Lula nas negociações diárias, poderá mostrar um lado diferente. Essa pode ser uma chance significativa para demonstrar suas habilidades de negociação.
Vale destacar que existe uma análise crítica, com nuances de misoginia, sobre sua capacidade de diálogo. Gleisi foi fundamental na formação de uma frente ampla no segundo turno, dialogando com diversas figuras políticas, como Simone Tebet e Gilberto Kassab. Além disso, liderou a criação de uma frente de oposição a Jair Bolsonaro, em aliança com partidos como PSOL e Rede. Essas ações são significativas e amplamente reconhecidas.
Se a intenção é fortalecer uma proposta populista de Lula em sua reta final de mandato, a colaboração de Gleisi com Hugo Motta é um ponto positivo. Contudo, é preciso considerar também os muitos opositores que a presidente do PT conquistou nos últimos anos dentro do Congresso, além das tensões existentes tanto dentro do PT quanto entre outros membros do governo. Suas críticas abertas à política econômica de Fernando Haddad são um exemplo das controversas que envolvem sua participação.
As mudanças necessárias tornaram-se mais urgentes, principalmente com a aproximação do final do governo, o que torna o próximo ano crucial, já que em abril começarão as discussões sobre campanhas eleitorais. A situação atual se assemelha a um movimento de “tudo ou nada” por parte de Lula. Um resultado positivo pode abrir caminho para um quarto mandato, enquanto um revés pode afastar um líder importante da esquerda na América Latina das eleições de 2026.