Lula, junto à ministra das Relações Institucionais, anunciou um novo modelo de crédito consignado que permite ao trabalhador formal obter empréstimos a juros mais baixos, utilizando seu FGTS como garantia. Nos primeiros dois dias após o anúncio, foram realizadas 40 milhões de consultas para esse empréstimo.
Entretanto, a proposta apresenta inconsistências. O FGTS foi criado como uma reserva financeira, destinada a ajudar trabalhadores em situações de desemprego, de modo a evitar que o salário mensal fosse totalmente direcionado ao consumo. Com a nova medida, o governo determina que parte desse fundo pode ser utilizada para consumo, criando uma contradição.
Ademais, essa iniciativa se mostra ineficaz frente ao cenário inflacionário, que é atribuído ao elevado nível de gastos governamentais. O Banco Central tem aumentado os juros com o intuito de conter o consumo e, assim, controlar a inflação. Ao introduzir uma forma de reduzir os juros de maneira artificial, o governo pode comprometer os esforços do Banco Central, resultando em uma expectativa de inflação não cumprida e, possivelmente, em aumentos adicionais nas taxas de juros.
A proposta também pode ser considerada cruel, uma vez que, em um momento de elevadas taxas de juros, o governo incentiva os trabalhadores a contrair dívidas, mesmo que a um custo mais baixo, ainda assim elevado.
A questão do caráter patrimonialista e eleitoreiro do plano é notável. A divulgação do empréstimo vinculado ao nome de Luiz Inácio Lula da Silva, que é um potencial candidato à presidência em 2026, levanta preocupações sobre a utilização de políticas públicas para fins eleitorais. Essa associação entre uma política governamental e a figura do presidente pode ferir princípios constitucionais de impessoalidade e moralidade.
Portanto, a proposta não é apenas incoerente, ineficaz, cruel e manipulativa, mas também traz à tona questões de moralidade que merecem ser debatidas.
