No último sábado (7), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sugeriu a criação de um grupo de países pela ONU para mediar as negociações entre Rússia e Ucrânia, enfatizando a necessidade de realismo nas abordagens. As declarações ocorreram em um momento em que as tentativas de negociação em Istambul para resolver o conflito, que já dura mais de três anos, estão paralisadas, enquanto os ataques russos se intensificam. “Proponho uma comissão de países não envolvidos na guerra para dialogar com o presidente ucraniano Volodimir Zelensky e o presidente russo Vladimir Putin”, afirmou Lula durante uma coletiva em Paris.
O presidente brasileiro destacou que a ONU pode desempenhar um papel central na mediação, mencionando o secretário-geral António Guterres como uma figura adequada para liderar essa iniciativa. Lula sugeriu que Guterres poderia formar um grupo de “países amigos” para ouvir as perspectivas de ambos os líderes e buscar alternativas para a resolução do conflito. Contudo, o presidente alertou sobre a necessidade de realismo nas negociações, questionando se Putin estaria disposto a se retirar da Crimeia, território ocupado pela Rússia desde 2014.
Ele ressaltou que a prioridade deve ser encontrar um acordo viável, que não corresponda totalmente às posições de Zelensky ou Putin, mas que seja uma solução prática. A situação entre Rússia e Ucrânia foi um dos tópicos discutidos nas recentes reuniões de Lula com o presidente francês Emmanuel Macron, durante a primeira visita de Estado de um presidente brasileiro à França em mais de uma década. Apesar do desejo comum de paz, Macron pediu a Lula que não igualasse os papéis dos dois países no conflito, afirmando que os beligerantes não devem ser tratados da mesma forma.
Lula mantém boas relações com Putin e participou das celebrações em Moscou pelo 80º aniversário da vitória sobre a Alemanha nazista em 9 de maio. O presidente brasileiro também confirmou que Putin foi “convidado” para a reunião de cúpula dos BRICS, prevista para o início de julho no Rio de Janeiro, embora a decisão de participação pertença ao presidente russo. Em 2023, o Tribunal Penal Internacional (TPI), do qual o Brasil é signatário, emitiu um mandado de prisão contra Putin devido ao envio “ilegal” de crianças ucranianas para a Rússia.