As manifestações luminosas podem parecer surgir sem aviso prévio, como uma espiral ondulante em forma de S sobre os céus da Europa ou um orbe brilhante pairando na costa dos Estados Unidos. Esses fenômenos luminosos, que se tornaram comuns durante os lançamentos de foguetes ao longo dos anos, estão se tornando cada vez mais visíveis para uma população crescente à medida que o número de objetos lançados ao espaço aumenta. Especialistas, como Jonathan McDowell, astrofísico do Centro Harvard-Smithsonian de Astrofísica, explicam que essas experiências são novas para muitos, devido à rarefação da atmosfera em grandes altitudes e na órbita terrestre.
Recentemente, quando um foguete Falcon 9 da SpaceX decolou da Flórida com destino à órbita terrestre para entregar um satélite militar, milhões de pessoas no Reino Unido e na Europa foram agraciadas com um espetáculo incomum. Após o lançamento, diversas postagens nas redes sociais começaram a relatar “formas estranhas” aparecendo no céu. O evento foi prontamente atribuído ao foguete da SpaceX, conforme um comentário do Met Office, o serviço meteorológico britânico. As imagens que se tornaram virais se assemelhavam ao fenômeno conhecido como “água-viva”, frequentemente observado em lançamentos da SpaceX na Flórida e na Califórnia. Esse fenômeno é caracterizado por um rastro luminoso em forma de lágrima que se expande à medida que o foguete avança.
Embora existam semelhanças, especialistas destacam que os fenômenos conhecidos como água-viva e espiral são, na verdade, distintos. Uma espiral, comparável a um sinal luminoso, apareceu após o lançamento do satélite militar pela SpaceX em 24 de março. Esse efeito foi gerado após o foguete completar sua missão, quando ele estava se preparando para retornar à atmosfera da Terra, deixando um rastro de combustível enquanto descia. A prática de descartar combustível após os lançamentos não é incomum.
O design do Falcon 9 inclui duas partes distintas, chamadas de “estágios”. O primeiro estágio, que possui nove motores, é responsável pela decolagem, impulsionando o foguete em direção ao espaço. Esta seção é frequentemente reutilizada em lançamentos subsequentes para redução de custos. O segundo estágio, em contraste, é acionado por seu próprio motor e é encarregado de levar a carga à velocidade necessária para a órbita, ultrapassando 28.163 quilômetros por hora. Após completar sua missão em 24 de março, o segundo estágio ainda possuía combustível, que foi posteriormente descartado para garantir a segurança antes do retorno ao oceano.
Enquanto o segundo estágio do Falcon 9 girava para descartar o combustível, ele gerou a espiral visível no céu. Esse efeito é similar a uma mangueira de jardim que, ao ser ligada, começa a se contorcer e a espirrar água. Por outro lado, o fenômeno da água-viva, frequentemente observado nas Américas após lançamentos, resulta de uma pluma de escape do primeiro estágio do foguete durante a sua ascensão, quando o veículo ainda está em direção a seu ponto de entrega em órbita. À medida que a pluma queima, ela se expande e assume uma forma distinta, diferente da saída mais restrita que ocorre próximo ao solo.
Em relação às condições de visualização desses fenômenos, tanto a água-viva quanto a espiral necessitam de iluminação adequada. Para que possam ser percebidos, é essencial que o observador esteja em um local escuro enquanto o foguete está em uma altitude elevada, refletindo a luz solar além do horizonte. McDowell esclarece que esses eventos costumam ser visíveis no início da noite ou ao amanhecer, mas são menos evidentes no meio da noite. Ele também nota que a percepção popular pode levar a interpretações equivocadas sobre a proximidade dos foguetes em relação ao solo.
Atualmente, o número de lançamentos aumenta significativamente, passando de menos de 150 por ano no século XX para mais de 250 no ano anterior, segundo dados de especialistas. A expectativa é que o público permaneça intrigado por esses espetáculos luminosos proporcionados pelos foguetes, incentivando um maior interesse pela exploração espacial e as perguntas que surgem a partir destes eventos.