3 maio 2025
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M. Dias Branco: Desafios do Último Trimestre e Lições Cruciais a Aprender

Nos últimos trimestres, a M. Dias Branco, que possui 20 marcas como Piraquê, Adria, Vitarella e Jasmine, tem enfrentado desafios significativos. No terceiro trimestre do ano anterior, a companhia apresentou resultados abaixo das previsões do mercado. Na análise do quarto trimestre e do fechamento do ano de 2024, foi observada uma redução tanto na receita quanto no lucro. No primeiro trimestre de 2025, o cenário permanece similar.

No primeiro trimestre de 2025, a receita líquida da M. Dias Branco foi de R$ 2,2 bilhões, representando um aumento de 3,2% em relação ao mesmo período do ano anterior. Entretanto, essa elevação não se deveu a um crescimento nas vendas, mas sim ao aumento dos preços. Essa situação não é considerada ideal pela empresa.

Durante o período de janeiro a março, o volume vendido de produtos apresentou uma queda de 0,7% em comparação ao primeiro trimestre de 2024, totalizando 394,2 mil toneladas, contra 397,1 mil toneladas anteriormente. O preço médio dos produtos, por outro lado, registrou um aumento de 3,7%.

O lucro líquido da companhia nos três primeiros meses também sofreu uma queda, atingindo R$ 69,4 milhões, com uma redução de 55,2% em relação ao mesmo período de 2024. Ao contrário do volume, essa diminuição no lucro foi causada por fatores externos que elevaram os custos e impactaram as margens.

Em janeiro de 2024, a cotação do dólar era de R$ 4,90, enquanto em janeiro de 2025, atingiu R$ 6, refletindo uma alta que influencia diretamente os custos da M. Dias Branco, já que muitos insumos são precificados em dólar. O custo do trigo, por exemplo, cresceu 4% em relação ao primeiro trimestre de 2024, enquanto o óleo de palma, utilizado em diversos produtos, teve um aumento de 24%.

Os custos variáveis impactaram o aumento por unidade, que chegou a 15%. O preço dos produtos não acompanhou essa elevação, resultando na queda do lucro. No que se refere ao Ebitda, houve uma redução de 42%, com a margem bruta caindo de 36,6% no primeiro trimestre de 2024 para 30,9% nos primeiros três meses de 2025.

A expectativa é que, se a taxa de câmbio se manter em torno de R$ 5,60, os custos relacionados aos principais insumos apresentem uma redução. Apesar das dificuldades, a empresa reportou uma posição de caixa robusta, superior ao valor da dívida, o que demonstra a saúde do balanço. Com uma Selic projetada em 15% até o final do ano, a M. Dias Branco mantém um bom ritmo de investimentos.

O caixa bruto da companhia foi de R$ 2,29 bilhões, enquanto a dívida totalizou R$ 2,16 bilhões, resultando em um caixa líquido de R$ 132 milhões no primeiro trimestre de 2025. Essa situação configura uma alavancagem negativa, onde a companhia não depende do Ebitda para quitar suas obrigações de dívida, sendo o próprio caixa suficiente para cobrir o endividamento.

Em relação à geração de caixa operacional, a empresa terminou o primeiro trimestre com R$ 280,4 milhões, um aumento de 103,2% em comparação ao primeiro trimestre de 2024.

Para enfrentar os desafios, a M. Dias Branco iniciou um processo de reformulação na área comercial, centralizando a força de vendas sob uma única direção. Anteriormente, havia duas frentes: uma focada nas regiões Norte e Nordeste e outra nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Contudo, essa reformulação ainda não proporcionou os resultados esperados em termos de sinergia.

Há um reconhecimento da necessidade de fortalecer a presença nos pontos de venda, aumentando a quantidade de locais onde os produtos são oferecidos e minimizando a ruptura dos estoques. Essa abordagem, composta por várias ações, busca melhorar a execução nas vendas e, consequentemente, aumentar o volume de vendas.

A recuperação no mercado deve acontecer de forma gradual, e as expectativas para 2025 são de que essa retomada ocorra ao longo do ano, excluindo surpresas externas. Uma das iniciativas inclui ampliar a presença das marcas da M. Dias Branco na região Sudeste, onde a participação é em torno de 20%, em contraste com mais de 50% no Nordeste.

Até o momento, as ações da M. Dias Branco na B3 apresentaram uma valorização de 29,8% em 2025, e a empresa está avaliada em R$ 8,6 bilhões.

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