A Venezuela informou ter firmado um acordo com os Estados Unidos para reiniciar os voos de repatriação de migrantes. O anúncio foi feito pelo presidente Nicolás Maduro em um discurso televisionado no dia 22 deste mês. Segundo Maduro, os voos teriam início no dia seguinte, 23. Ele destacou a importância do esforço do governo na retomada dessas viagens, que visam resgatar venezuelanos detidos em prisões nos Estados Unidos.
Essa iniciativa ocorre em um contexto de tensões diplomáticas entre os dois países, especialmente em reação aos voos de deportação de migrantes venezuelanos enviados para El Salvador. Milhares de migrantes foram deportados para esse país sob um programa de deportação acelerada implantado na administração do ex-presidente Donald Trump.
No âmbito desse programa, centenas de venezuelanos foram levados para uma instalação prisional em El Salvador. Durante seu discurso, Maduro responsabilizou o presidente salvadorenho Nayib Bukele pela situação dos migrantes, afirmando que eles não cometeram crimes nos Estados Unidos ou em El Salvador. Ele solicitou que Bukele assegurasse a saúde e a liberdade dos deportados, considerando injusto o tratamento a que foram submetidos.
O ministro do Interior da Venezuela, Diosdado Cabello, afirmou que mais de cem venezuelanos deportados de território americano não pertencem à gangue criminosa Tren de Aragua, uma justificativa apresentada pelo governo dos Estados Unidos para a deportação. A administração de Trump havia invocado uma legislação do século XVIII para facilitar a expulsão de supostos membros dessa gangue, rotulada como terrorista por Washington.
Apesar de uma decisão judicial que logo bloqueou essa medida, durante o governo de Trump, mais de 200 venezuelanos foram deportados para El Salvador, onde permanecem detidos em uma prisão de segurança alta com a possibilidade de prorrogação de suas detenções. Enquanto isso, familiares e advogados têm tentado obter informações sobre seus entes queridos que se tornaram inacessíveis e têm exigido a repatriação dos deportados.
O governo da Venezuela alegou que a gangue Tren de Aragua foi desmantelada em 2023 e que sua suposta continuidade é baseada em narrativas da oposição. Essa gangue, que teve origem em uma prisão no estado de Aragua, é acusada de diversos crimes, incluindo tráfico sexual e assassinatos, e se espalhou pelo mundo, incluindo os Estados Unidos, durante a crise migratória venezuelana. A administração de Trump tem até 25 de março para apresentar uma resposta judicial sobre as deportações solicitadas por um juiz americano, que pediu que o avião que transportava os deportados retornasse.