Durante sua primeira semana no segundo mandato como presidente dos Estados Unidos, Donald Trump anunciou uma série de ações contra a imigração, incluindo deportações em larga escala. As decisões do republicano, no entanto, contrastam com a trajetória de sua mãe, Mary Anne MacLeod, que deixou a Escócia em busca de trabalho como empregada doméstica nos EUA, regularizando sua situação após 12 anos no país.
Mary Anne nasceu em Tong, um pequeno vilarejo na Ilha de Lewis, no norte da Escócia, e chegou a Nova York em 11 de maio de 1930 com 18 anos e US$ 50 (equivalente a cerca de US$ 950 hoje), conforme registros históricos disponíveis. Seguindo o exemplo de três irmãs que já tinham imigrado, ela entrou legalmente nos Estados Unidos com um visto de imigrante obtido três meses antes de sua partida, no porto de Glasgow, a bordo do navio Transilvânia rumo a Nova York. Na alfândega, Mary Anne informou que sua profissão era “doméstica” e que seu destino era a casa de sua irmã Catherine, residente em Astoria, no Queens.
Embora Trump tenha declarado em várias ocasiões que sua mãe viajou para os EUA como turista, os documentos da alfândega indicam que ela tinha planos de permanecer no país desde o início. “Ela chegou com um visto de imigrante para adquirir residência permanente”, destacou Barry Moreno, historiador do Museu Nacional da Imigração de Ellis Island, à mídia britânica.
Mary Anne era a mais nova de nove irmãos e cresceu em uma comunidade rural que sofria com a pobreza e a falta de oportunidades após a Primeira Guerra Mundial. Embora sua família tivesse uma situação levemente melhor do que a média local, devido ao trabalho de seu pai, que gerenciava um posto de correios e uma loja, os desafios econômicos da época impulsionaram muitos jovens da região a buscar novas oportunidades em outros países. Seis anos após sua chegada aos EUA, em 1936, ela se casou com Frederick Trump, um empreendedor imobiliário de sucesso e filho de imigrantes alemães. Mary Anne e Fred viveram em um bairro abastado do Queens e tiveram cinco filhos, entre eles Donald Trump, o quarto.
Mary Anne se naturalizou cidadã americana em 1942 e faleceu em 2000, aos 88 anos.
Trump ainda mantém três primos em Lewis, que optam por não falar com a imprensa. Após a primeira vitória presidencial de Trump em 2017, John A. MacIver, um vereador local e amigo dos primos, comentou que conhecia bem a família de Trump em Lewis e compreendia que eles não desejavam se expor publicamente. “Eles são pessoas muito boas e gentis, e certamente não querem toda essa atenção da mídia”, afirmou MacIver na época. O vereador mencionou ainda que Mary Anne visitou Lewis várias vezes ao longo de sua vida e sempre conversou em gaélico.
Trump esteve na casa onde sua mãe cresceu em 2008, e durante essa viagem, afirmou que havia estado em Lewis uma vez quando era muito criança, mas não conseguia recordar muitos detalhes sobre o lugar.