Um dos principais assuntos discutidos após o anúncio do remake de “Vale Tudo” foi a questão da representatividade no elenco. Houve divergência de opiniões sobre a aceitação de um novo perfil racial para os personagens. Enquanto alguns argumentavam que Odete Roitman, uma figura forte na trama, não aceitaria uma Maria de Fátima negra, outros sustentavam que ter uma Raquel branca não refletia a diversidade brasileira. A responsável pela adaptação, Manuela Dias, se posiciona a favor da segunda ideia. Ela defende que a Raquel sempre foi negra, e que a representação anterior refletia uma limitação social do período, que impediu o reconhecimento desse protagonismo. Manuela aponta que, ao longo dos últimos 37 anos, o Brasil passou por um processo de conscientização sobre questões estruturais como machismo e racismo. Ela acrescenta que a dramaturgia deve atuar como uma ferramenta de transformação social. Na versão original, Maria de Fátima foi representada por Gloria Pires e, na nova adaptação, é interpretada por Bella Campos. Por sua vez, Regina Duarte deu vida ao papel de Raquel, agora desempenhado por Taís Araújo.
Em relação à controvérsia sobre a aceitação de Maria de Fátima por Odete Roitman, que agora é vivida por Débora Bloch, Manuela esclarece: “Odete é uma personagem extremamente pragmática e que prioriza o que é benéfico para si própria. Para ela, o que importa é quem está disposta a apoiar sua agenda. Nesse sentido, Maria de Fátima é uma escolha ideal”.