O médico peruano Luís Gonzalo Velarde Acosta, de 38 anos, que prestou serviços no Serviço de Atendimento Médico de Urgência (SAMU) em Salvador, enfrenta denúncias de agressão contra pelo menos seis mulheres ao longo da última década. Todas as vítimas são da área de saúde e relataram ter sofrido violência física e psicológica. Uma delas é a mãe de seu filho. A reportagem teve acesso a processos judiciais, registros na Delegacia da Mulher e coletou relatos de testemunhas que trabalharam com ele no SAMU e em um outro serviço de emergência privado na cidade.
De acordo com uma das denúncias, Luís proferiu ofensas à vítima, chamando-a de “desequilibrada, surtada, uma mãe desgraçada” e expressando arrependimento por ela ser a mãe de seu filho, afirmando que não poderia ter feito escolha pior. Durante uma discussão, ele também teria exigido o reembolso de um valor que havia enviado para auxiliar no pré-natal.
Outra ex-namorada relatou que ele não aceitou o fim do relacionamento, agindo com agressividade ao empurrá-la para a cama, puxar seu cabelo e colocar o dedo em sua garganta. Outras mulheres que tiveram experiências profissionais com ele afirmaram que ele já teria agredido uma ex-companheira e costumava se trancar no quarto de descanso com internas. Uma colega chegou a expressar alívio ao concluir seu último plantão em sua companhia, evidenciando um clima de medo comum entre as funcionárias. Algumas denúncias resultaram em medidas protetivas contra ele.
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que ainda não recebeu comunicação formal da Justiça sobre a necessidade de tomar medidas protetivas, mas decidiu afastar o médico após as denúncias serem apresentadas. A suspensão foi publicada no Diário Oficial do Município em 5 de dezembro de 2024. Antes disso, em outubro, no Dia do Médico, ele foi homenageado ao lado de outros profissionais pelo trabalho voluntário realizado durante as enchentes no Rio Grande do Sul, em evento promovido pelo Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (Cremeb).
O Cremeb esclareceu que até o momento não há qualquer denúncia formal contra o médico e que tomará as providências cabíveis assim que receber um registro oficial. A defesa de Luís afirmou que tem conhecimento apenas da reclamação de uma ex-companheira, referente ao último relacionamento, e alegou que as informações divulgadas são falsas, com o intuito de “manchar a imagem” do cliente. Em relação à única medida protetiva da qual o advogado está ciente, ele afirmou que foi respeitada e que não houve violação da determinação. “Nosso cliente continua cumprindo as decisões judiciais e administrativas”, finalizou a defesa.
