5 março 2025
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Mercado Global de Carros Elétricos em Queda: A Exceção da BYD

A BYD tem seguido uma trajetória contrária à do mercado global de veículos elétricos. Enquanto diversas montadoras enfrentam dificuldades em suas operações, a empresa chinesa tem acelerado suas estratégias de crescimento. No dia 4 de março, a fabricante anunciou a conclusão de uma oferta subsequente de ações na bolsa de Hong Kong, que gerou um montante de US$ 5,6 bilhões com a venda de quase 130 milhões de ações. Este evento representa a maior oferta desse tipo feita por uma montadora nos últimos dez anos a nível global.

Após a oferta, as ações da BYD registraram uma queda de aproximadamente 7%, mas, no acumulado do ano, a valorização atinge cerca de 30%. O valor de mercado da empresa está estimado em US$ 142 bilhões. Na China, os automóveis da BYD correspondem a cerca de um terço de todos os veículos elétricos vendidos, incluindo tanto os completamente elétricos quanto os híbridos. No prospecto da oferta, a montadora especificou que os recursos obtidos serão destinados ao aprimoramento de suas capacidades tecnológicas e à expansão no mercado internacional.

A sede da BYD está localizada em Shenzhen, e a empresa tem ampliado sua presença de forma agressiva nos principais mercados globais, com fábricas em construção em países como Hungria, Turquia e Brasil. O sucesso dessa oferta atraiu o interesse de diversos investidores, incluindo fundos long-only, fundos soberanos e o family office Al-Futtaim, que cuida da distribuição da marca nos Emirados Árabes Unidos e na Arábia Saudita.

O êxito da operação da BYD pode servir como modelo para outras empresas que buscam migrar da bolsa de valores chinesa para a de Hong Kong, considerada mais atraente para investimentos internacionais. Por exemplo, a CATL, maior fabricante de baterias para veículos elétricos do mundo, e a montadora Chery protocolaram pedidos de listagem em Hong Kong recentemente.

O mercado de veículos elétricos, que se mostrava promissor, tem se tornado um desafio para as montadoras tradicionais. Recentemente, Nissan e Honda decidiram abandonar um projeto de fusão que vinha sendo discutido em meio ao crescimento dos carros elétricos chineses. A Stellantis, que detém marcas como Peugeot e Jeep, enfrentou dificuldades com a venda do modelo Fiat 500e nos Estados Unidos, com apenas 400 unidades comercializadas no ano anterior, evidenciando um problema que vai além de um único mercado.

A Ford também está passando por um período complicado, reportando perdas de US$ 1,2 bilhão em seus negócios de veículos elétricos e custos relacionados a recalls de segurança. Esses resultados impactaram negativamente a situação financeira da montadora. Enquanto isso, startups no segmento de veículos elétricos estão enfrentando dificuldades semelhantes.

A Nikola, que se tornou uma empresa pública em 2020 através de um SPAC, sofreu uma queda significativa em seu valor de mercado e agora solicitou recuperação judicial, informando que possui apenas US$ 47 milhões em caixa. A companhia alegou que não conseguirá operar para seus clientes até o final de março e que acumulou perdas de US$ 3,6 bilhões desde o início das atividades.

Essa situação reflete um mau momento no setor de veículos elétricos, que também afetou outras empresas como Fisker Automotive, Lordstown Motors e Electric Last Mile Solutions, que também recorreram à recuperação judicial. Segundo informações divulgadas no final do ano anterior, 54 empresas, entre montadoras e fabricantes de baterias, enfrentam dificuldades financeiras que podem impossibilitar a sua operação até 2025.

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