O presidente da Argentina, Javier Milei, inicia uma viagem à Flórida nesta quarta-feira, 3, para participar de um evento na residência de Donald Trump, em Mar-a-Lago. Embora não tenha sido confirmado um encontro formal entre os dois, Milei busca, ao menos, registrar uma foto ao lado do ex-presidente americano, a qual poderia fortalecer sua posição nas negociações com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Este deslocamento ocorre em um momento crítico para Buenos Aires, que está em busca de um pacote de resgate de US$ 20 bilhões junto ao FMI. Desse total, US$ 14 bilhões são destinados ao pagamento de dívidas, enquanto os restantes US$ 6 bilhões deverão ser utilizados para reforçar as reservas do Banco Central, que enfrentou uma perda de cerca de US$ 2 bilhões nos últimos onze pregões, em tentativas de estabilizar a desvalorização do peso. Contudo, o governo argentino está encontrando dificuldades em definir o cronograma de desembolso e em esclarecer aspectos cruciais, como a possibilidade de flexibilização da taxa de câmbio.
A obtenção do apoio de Washington é considerada essencial para o progresso das negociações. A diretora-gerente do FMI destacou, em declarações à agência Reuters, que o pedido argentino é “razoável”, reconhecendo os cortes fiscais realizados pelo governo Milei desde sua posse em dezembro de 2023. Georgieva afirmou que a Argentina “merece” esse respaldo, considerando seu desempenho nas negociações.
O chanceler argentino, Gerardo Werthein, informou que Milei será homenageado no evento em Mar-a-Lago devido à sua atuação em prol da “promoção da liberdade e dos valores conservadores” e insinuou a probabilidade de um encontro com Trump. “Dada a amizade entre os dois, certamente haverá um encontro”, declarou. Milei, por sua vez, mostrou-se otimista antes de sua partida, afirmando: “Vamos dividir o mesmo espaço. Se a agenda permitir, provavelmente teremos uma reunião informal.”
Trump é considerado o principal aliado internacional de Milei, mas a relação entre os dois não tem sido suficiente para proteger a Argentina dos impactos da guerra tarifária iniciada pela administração Trump. Ademais, até o momento, o presidente dos EUA não se manifestou de forma concreta em apoio às negociações com o FMI.
Desde sua posse em dezembro de 2023, Milei realizou nove visitas aos Estados Unidos, sendo que esta será a terceira viagem apenas neste ano. Ele esteve presente na posse de Trump em janeiro e, no mês seguinte, protagonizou um abraço caloroso com o ex-presidente durante a Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC). Contudo, ainda não obteve o que realmente almeja: um encontro oficial com Trump na Casa Branca. Milei aspira a ser o primeiro presidente latino-americano a visitar o Salão Oval na atual gestão do republicano, antes mesmo do presidente de El Salvador, Nayib Bukele, que já planeja uma viagem a Washington em abril.
