Milhares de pessoas convergiram para os arredores de Beirute, capital do Líbano, neste domingo (23), para prestar tributo ao líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, que foi assassinado. A cerimônia ocorre quase cinco meses após sua morte em um ataque aéreo israelense, representando um golpe significativo para o grupo respaldado pelo Irã. O assassinato de Nasrallah, que esteve à frente do Hezbollah durante décadas de antagonismo com Israel e supervisionou a evolução do grupo em uma força militar de relevância regional, marcou o início de uma escalada bélica que debilitou consideravelmente o Hezbollah. Manifestantes carregavam fotos do ex-líder e bandeiras do Hezbollah, reunindo-se para um funeral em massa, que também prestou homenagem a outros líderes assassinados em um estádio localizado nos subúrbios ao sul da capital.
O estádio Camille Chamoun, onde ocorreu o evento, tem capacidade para 55 mil espectadores e estava praticamente lotado horas antes do início da cerimônia. Entre os participantes esperados estão o Ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi, uma delegação do Iraque que inclui políticos xiitas e comandantes de milícias, além de representantes dos Houthis do Iémen. O funeral em massa foi planejado para demonstrar a força do Hezbollah, especialmente após a organização ter sofrido perdas significativas na guerra do ano anterior contra Israel, que resultou na morte de muitos de seus líderes e combatentes, além de deixar devastação no sul do Líbano. Adicionalmente, a expulsão do aliado Bashar al-Assad na Síria complicou ainda mais a situação, já que essa mudança cortou uma importante rota de suprimento para o grupo.
A frequência de mensagens durante a cerimônia deixou claro que, apesar das perdas, o valor da resistência continua inabalável. Um dos presentes, Hassan Nasreddine, enfatizou essa ideia ao afirmar que, embora a perda de homens tenha sido significativa, o espírito de resistência permanece firme. A cerimônia também homenageou Hashem Safieddine, que liderou o Hezbollah por curto período após a morte de Nasrallah e que também foi morto em um ataque israelense antes de ser oficialmente anunciado como sucessor.
Nasrallah foi enterrado temporariamente próximo ao filho, Hadi, que morreu lutando pelo grupo em 1997. O funeral oficial teve seu início adiado para permitir a retirada das forças israelenses do sul do Líbano, conforme acordado em um cessar-fogo mediado pelos Estados Unidos, que pôs fim à guerra do ano passado. Embora Israel tenha se retirado de grande parte da região sul, ainda mantém cinco posições estratégicas em colinas. No mesmo dia, Israel realizou ataques aéreos no sul do Líbano, afirmando ter detectado atividades do Hezbollah. A tensão aumentou após o grupo militar ter aberto fogo em apoio ao grupo Hamas, aliado palestino, no início do conflito em Gaza em outubro de 2023.
