Ministros das Relações Exteriores de vários países europeus destacaram, em 24 de outubro, que o continente está experimentando uma nova fase em suas relações internacionais, em decorrência da drástica mudança na política externa dos Estados Unidos sob a administração do presidente Donald Trump. Apesar das incertezas geradas, as autoridades europeias ainda alimentam a expectativa de que a relação com Washington continue relevante.
Decisões recentes de Trump, que incluem manter diálogos para encerrar o conflito na Ucrânia com a Rússia, foram uma surpresa para líderes europeus, que percebem um afastamento em relação a Kiev e um novo foco americano em questões internas. Kaja Kallas, responsável pela política externa da União Europeia, expressou preocupação a respeito das implicações da nova postura dos Estados Unidos, mas também enfatizou que no passado as diferenças foram superadas e que há esperança de que isso ocorra novamente.
A alteração no relacionamento transatlântico foi reconhecida como inevitável. Friedrich Merz, que venceu as eleições gerais na Alemanha, levantou questionamentos sobre a continuidade da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) em sua atual estrutura. Ele manifestou a necessidade de a Europa desenvolver rapidamente uma capacidade de defesa autônoma. Caspar Veldkamp, ministro da Holanda, comentou sobre o fim de uma era iniciada com a queda do Muro de Berlim, sugerindo que a união entre os países europeus, incluindo britânicos e noruegueses, seja vital para enfrentar os novos desafios impostos, especialmente pela postura americana.
Análises do Eurasia Group indicaram que os últimos acontecimentos sinalizam que a Europa se encontra em um contexto mais perigoso e que a capacidade dos líderes europeus de reagir nas próximas semanas e meses será crucial para moldar a ordem internacional nas próximas décadas.
Os ministros da União Europeia também concordaram em implementar um novo pacote de sanções contra a Rússia, alinhado com o terceiro aniversário da invasão da Ucrânia. Líderes europeus participarão de uma cúpula extraordinária no dia 6 de março para discutir apoio adicional à Ucrânia, garantias de segurança e financiamento para os requisitos de defesa no continente.
Merz observou, após sua vitória, que as declarações recentes de Trump demonstram uma falta de interesse do governo americano pelo futuro europeu. Jan Lipavsky, ministro da República Tcheca, destacou a necessidade de a Europa mostrar força, ao mesmo tempo que mantém um engajamento com os Estados Unidos. Esta mudança na retórica americana foi sentida por muitos, mas Lipavsky reafirmou a importância de continuar o diálogo.
Além disso, vários líderes e ministros da UE visitaram Kiev para expressar apoio à Ucrânia, enquanto encontros entre líderes da França, Reino Unido e Trump estão agendados para a próxima semana. Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, enfatizou em Kiev a urgência de acelerar a entrega de armamentos e munições. O 16º pacote de sanções da UE contra a Rússia inclui uma proibição de importações de alumínio primário, restrições às vendas de consoles de jogos e a inclusão de passageiros e operadores de 74 navios envolvidos em atividades não sancionadas.