Há pouco mais de 36 anos, o último episódio de “Vale Tudo” foi exibido, marcando um momento de forte impacto na sociedade brasileira. A trama culminou na famosa dúvida que se tornou icônica entre os telespectadores: “Quem matou Odete Roitman?” A personagem, interpretada por Beatriz Segall, foi assasinada em um capitulo transmitido na noite de Natal de 1988, sendo alvo de disparos sem que o espectador tivesse conhecimento do autor do crime, identidade que só seria revelada em 6 de janeiro do ano seguinte. A espera entre a tragédia e a revelação durou doze dias e gerou um burburinho notável em todo o país.
O sigilo em torno do desfecho da trama foi rigidamente mantido pelos roteiristas Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères. Para evitar vazamentos antes da exibição do último capítulo, foram distribuídos roteiros incompletos ao elenco, com a omissão de sete páginas cruciais. Adicionalmente, cinco versões diferentes da cena do crime foram gravadas. Essa estratégia de produzir finais alternativos é atualmente comum, especialmente em reality shows gravados, que lutam contra a divulgação de spoilers, especialmente na era da internet. O ritmo das gravações foi acelerado, com todas as versões sendo filmadas no dia da exibição e editadas rapidamente, para limitar o número de pessoas que soubessem a verdadeira identidade do assassino.
Antes do surgimento das apostas legais que atualmente engajam muitos brasileiros, as casas de apostas clandestinas já operavam a pleno vapor. Essas casas rapidamente aproveitaram a atenção gerada pelo mistério, envolvendo a população nas apostas. Pelo menos 40 mil pessoas, somente no Rio de Janeiro, participaram do Jogo do Bicho, oferecendo palpites sobre a identidade do assassino, conforme reportagens da época.
A imprensa também se mobilizou em resposta à comoção popular, buscando se inserir nas discussões sobre a narrativa fictícia. Durante o período de expectativa, até o então diretor da Polícia Federal, Romeu Tuma, foi chamado a opinar sobre quem poderia ser o responsável pelo crime. A marca de caldo Maggi também aproveitou o momento, realizando uma campanha publicitária e recebendo 3 milhões de correspondências de telespectadores que indicavam suspeitos.
Quando finalmente foi revelado, o desfecho da trama surpreendeu muitos. O disparo que matou Odete foi realizado por Leila, uma personagem secundária interpretada inicialmente por Cássia Kiss e agora por Carolina Dieckmann em um remake atualmente em desenvolvimento. Leila, até então pouco notada nas especulações do público, confundiu Odete com Maria de Fátima, que estava envolvida sentimentalmente com seu marido, resultando em um trágico acidente. A nova versão da história poderá apresentar mudanças no enredo original, embora detalhes específicos ainda não tenham sido divulgados.
