19 abril 2025
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Moda de Rua Brasileira em Ascensão: O Sucesso Internacional da Estilização Nacional

Houve um período em que as exportações mais reconhecidas da moda brasileira incluíam beachwear e sandálias de tiras. Entretanto, com o crescente interesse pelo streetwear e um mercado cada vez mais dinâmico, marcas brasileiras desse segmento estão conquistando destaque internacional.

Um exemplo notável é a Je M’Appelle Brasil, que teve sua primeira edição durante a semana de moda masculina em Paris, em 2023. O evento contou com a presença de seis marcas locais em um showroom na capital francesa. A segunda edição, realizada no ano seguinte, registrou um impressionante aumento de 1000% em patrocínios e arrecadação de recursos.

A evolução no reconhecimento internacional dos produtos brasileiros tem se acentuado. De acordo com o stylist Samir Bertoli, criador do projeto, “houve um salto significativo”. Ele destaca que muitas pessoas que visitavam o showroom não tinham ideia de que as marcas eram brasileiras, associando o Brasil a estereótipos limitados, como futebol e belas praias.

O movimento internacional das marcas começou anteriormente. Em 2019, a Piet ingressou no mercado europeu ao vender suas peças na multimarcas Luisa Via Roma, em Florença. O designer e fundador da marca, Pedro Andrade, menciona que também tinha um showroom em Los Angeles, que foi desativado durante a pandemia. Andrade ressalta que nunca desejou uma estratégia internacional que visasse apenas a notoriedade local.

Em 2022, ele firmou parceria com a Hypebeast, empresa de Hong Kong com forte presença na Ásia, para atuar como representante comercial. Atualmente, a Piet tem maior presença fora do Brasil, com 30 lojas na China e outras 44 ao redor do mundo, enquanto no país há apenas 26 pontos de venda. A marca secundária de Andrade, a P_Andrade, foi lançada em 2021 com um foco internacional e está presente em 36 multimarcas, incluindo a Comme des Garçons em Seul.

Felipe e Juliana Matayoshi fundaram a Pace Company em 2017 e se mudaram para Portugal em 2019, onde começaram a produzir e vender algumas peças. Após o período de pandemia, retornaram ao Brasil e reajustaram suas estratégias, retomarando a internacionalização em 2022. Desde então, têm participado de showrooms individuais durante as semanas de moda de Paris e possuem um representante no Japão. A marca está presente em 30 locais ao redor do mundo, incluindo a Dover Street Market em Singapura.

Entretanto, a logística para a comercialização de peças no exterior apresenta diversas dificuldades. Desde o transporte das coleções, que são produzidas no Brasil, até a diferença de estações do ano, os fatores que impactam o estabelecimento de operações internacionais são muitos. Andrade menciona que “um dos principais desafios é geográfico”, citando o alto custo do frete e os impostos elevados, que geram atrasos nas entregas.

Para otimizar a burocracia e ampliar o acesso aos mercados exteriores, as marcas frequentemente recorrem a agentes intermediários, como representantes e transportadoras. Felipe destaca a importância da continuidade nas aparições internacionais, já que “os compradores desejam construir relações duradouras para se sentirem mais seguros”.

A Carnan, que possui dois pontos de venda fora do Brasil, optou por não ter representação em showrooms neste momento. Paulo Carneiro, cofundador e diretor criativo, enfatiza que “é uma responsabilidade muito grande” e alerta sobre os riscos que uma decisão precipitado pode trazer para o mercado brasileiro. Para evitar atrasos, suas peças chegam às lojas internacionais dois meses após o lançamento no Brasil. A gerente de marketing da marca informa que a meta é que a receita internacional supere a nacional em até dez anos.

As colaborações são comuns no setor de streetwear e ajudam a promover as marcas brasileiras. A Carnan, Pace e Piet se beneficiaram de parcerias com empresas renomadas como Umbro, Asics e Oakley, respectivamente. A presença física dessas marcas em São Paulo também oferece segurança aos compradores internacionais, que se sentem mais confiantes com a estabilidade da operação.

Esse crescimento no mercado internacional potencia o fortalecimento da comunidade fashion brasileira e cria experiências mais completas para os compradores. É crucial que o mercado brasileiro atraia a atenção global, preparando o terreno para a expansão das marcas fora do país.

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