2 abril 2025
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Modelos Inovadores de ONGs Aceleram Investimentos Estratégicos

No início da década de 1990, ocorreu a edição do Prêmio Bem Eficiente, que visava reconhecer o trabalho de dirigentes e voluntários sociais atuantes no Brasil. A premiação foi idealizada para destacar os esforços de aproximadamente 30 mil indivíduos que se dedicavam a causas sociais, mesmo diante de um cenário de recursos limitados.

Desde então, as organizações não governamentais (ONGs) passaram a ter um papel ainda mais relevante na sociedade, conquistando maior visibilidade. Dados recentes do Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (Gife) indicam que, em 2022, os investidores associados destinaram R$ 4,8 bilhões para ações filantrópicas de impacto social, representando um aumento de aproximadamente 20% em comparação ao período pré-pandemia. Durante a pandemia, o investimento social privado atingiu R$ 6,1 bilhões, impactando várias áreas, desde a apoio à vacinação até a alimentação.

Em 2022, o Brasil esteve entre os 20 primeiros colocados do World Giving Index, que classifica doações para organizações sociais em nível mundial. No entanto, no ano seguinte, a classificação caiu drasticamente para a 89ª posição e em 2024 foi para o 86º lugar, ficando atrás de países como Quênia, Bolívia e Peru. A CEO do Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (Idis) destacou a urgência dos desafios e a complexidade das soluções em um relatório sobre o panorama da filantropia brasileira para 2025. A análise enfatizou que, em tempos de crise, a filantropia se torna um vital espaço de resistência e inovação.

A inovação tem se tornado uma característica marcante do terceiro setor no Brasil, que, nos últimos anos, tem contado com a contribuição de artistas e intelectuais, como o cineasta Walter Salles e o DJ Alok. Ambos fundaram ONGs com o objetivo de promover liberdades e aprofundar a democracia, além de apoiar diversas iniciativas sociais.

As organizações, como o Instituto Alok, estão investindo em parcerias com projetos já estabelecidos, adotando uma abordagem diferente da década de 1990, quando muitas iniciativas eram criadas do zero, o que resultava em desperdício de recursos. O diretor executivo do Instituto Alok comentou que a organização foi criada para organizar o investimento social sem se limitar a áreas específicas, focando na promoção de uma vida plena e sustentável.

Nos últimos quatro anos, o Instituto Alok apoiou 103 projetos no Brasil e vários outros em locais como Índia e África, beneficiando milhões de pessoas. A atuação da organização abrange áreas como desenvolvimento humano, com suporte em educação e empoderamento de mulheres e comunidades, e projetos voltados à valorização dos povos originários e à preservação da natureza.

A intersecção entre arte e filantropia tem mostrado resultados positivos, como demonstram os projetos focados em comunidades indígenas. Um dos exemplos é o álbum “O Futuro é Ancestral”, que combina a música com a promoção da cultura indígena e foi indicado ao Grammy Latino, destacando a relevância dos povos originários na cena cultural. O Instituto Alok tem se empenhado em apoiar diversos projetos que visam à promoção da cultura e dos direitos dessas comunidades.

O modelo do instituto se baseia em apoiar iniciativas existentes e permitir a cocriação, refletindo seus impactos ao longo do tempo. Em 2023, a interação com a juventude se destacou nas redes sociais, onde muitos expressaram gratidão pelas oportunidades criadas para discutir questões indígenas, evidenciando os efeitos sociais da atuação do Instituto.

Este ano, a Coleção Som Nativo será lançada, trazendo um acervo musical de sete etnias indígenas do Brasil, como parte de uma contribuição à Década Internacional das Línguas Indígenas, em colaboração com a Unesco. As letras das músicas estarão disponíveis nas línguas originais, acompanhadas de traduções para o português, espanhol e inglês.

O Instituto Alok busca sempre encontrar seu espaço através da colaboração, estabelecendo parcerias com ONGs, instituições e marcas. Essa abordagem reflete uma nova dinâmica na atuação das ONGs, onde a sinergia entre organizações potencializa as ações e resultados. Exemplos dessa colaboração incluem movimentos como a Agenda 227, que reúne mais de 400 organizações, e o Grupo de Práticas e Aprendizagens, que visa compartilhar aprendizados entre grupos beneficiados por investimentos sociais. A união em torno de objetivos comuns é crucial para ampliar o impacto do investimento social no Brasil.

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