Após o despacho do ministro Flávio Dino, do STF, que exigiu esclarecimentos sobre emendas parlamentares “paralelas”, os presidentes da Câmara e do Senado, Hugo Motta e Davi Alcolumbre, respectivamente, contataram a ministra Gleisi Hoffmann, informando que iriam interromper a discussão de pautas de interesse do governo. A situação se tornou um tópico relevante nas reuniões entre os líderes das duas Casas do Legislativo, apresentando uma nova fase de dificuldades na articulação política do governo.
O ato do ministro ganhou notoriedade, considerando que, em circunstâncias de menor tensão entre os poderes, seria apenas uma solicitação comum em resposta a alegações de corrupção apresentadas por entidades da sociedade civil. Porém, a situação se agravou, especialmente porque o governo não destinou recursos, sequer um centavo, para as emendas de deputados e senadores previstas no Orçamento de 2025. Diante da falta de repasses, Motta e Alcolumbre intensificaram a pressão sobre o governo. Como reflexo dessa tensão, o líder do governo na Câmara, José Guimarães, cancelou uma reunião habitual e se dirigiu rapidamente ao Palácio do Planalto para uma reunião emergencial convocada por Gleisi.
Durante a tarde, Motta também dedicou parte de seu tempo a discussões confidenciais com líderes do Centrão. Embora haja sinais de colaboração entre os presidentes das Casas e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em relação ao ajuste fiscal, as novas indicações demonstram que não há compromisso dos líderes com a medida provisória que o governo pretende enviar ao Legislativo para modificar partes do decreto sobre o aumento do IOF, além de buscar compensações por meio de outras fontes de arrecadação.
