O Ministério Público Eleitoral (MPE) solicitou a cassação do mandato do prefeito de Campinas, Dário Saadi, do partido Republicanos. A solicitação é baseada em alegações de abuso de poder político e econômico durante sua campanha de reeleição no ano anterior. Segundo o MPE, Saadi teria gravado vídeos de campanha em prédios públicos, distribuído releases à imprensa sobre a transferência da Câmara para o Palácio da Justiça e utilizado instalações da empresa Benassi para promover seu discurso eleitoral. Se as acusações forem confirmadas em decisão final, o político poderá ficar inelegível por um período de oito anos.
Em resposta ao MPE, Saadi declarou que a ação refere-se a aspectos do seu período eleitoral, sendo que quatro dos cinco pontos apresentados foram rejeitados pelo Ministério Público, restando apenas uma questão sobre um vídeo. Ele argumentou que a situação da gravação já havia sido analisada em outra ação e que a Justiça Eleitoral havia decidido a seu favor, considerando que a infração suposta, no máximo, justificaria uma multa. A ação contra o prefeito foi proposta pelo deputado estadual Rafa Zimbaldi, do partido Cidadania, que foi derrotado na eleição.
No seu parecer enviado ao juízo da 33ª Zona Eleitoral de Campinas, o MPE destaca três pontos que fundamentam o pedido de cassação do mandato de Saadi. O promotor Guilherme Athayde Ribeiro Franco argumentou que Saadi, na época candidato à reeleição, utilizou a administração pública em benefício da sua campanha, o que desequilibraria a competição eleitoral. O promotor enfatizou que não é admissível utilizar a máquina administrativa para favorecer uma candidatura.
Anteriormente, Saadi já havia enfrentado outra ação do MPE devido à gravação de vídeos em repartições públicas. A Justiça de primeira instância havia cassado sua candidatura, mas o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-SP) reverteu por unanimidade essa decisão. Em uma decisão de dezembro, a relatora, juíza Maria Cláudia Bedotti, considerou que as condutas não eram suficientemente graves para justificar a cassação do mandato.
Bedotti argumentou que a procedência da Aije (ação de investigação judicial eleitoral) requer evidências robustas, enfatizando a gravidade que implica na cassação de diplomas e na declaração de inelegibilidade, uma vez que tais ações interferem no sufrágio universal e na soberania da população. Assim, apesar das comprovações, a juíza opinou que o conjunto da situação não apresentava gravidade suficiente para caracterizar o uso abusivo do poder político em detrimento da disputa eleitoral.
Campinas é o terceiro maior colégio eleitoral do estado de São Paulo, com uma população de 1,2 milhão de habitantes, ficando atrás apenas da capital e de Guarulhos, que pertence à região metropolitana.