As negociações entre o Irã e os Estados Unidos não avançarão a menos que determinadas condições sejam alteradas, conforme declarou o ministro das Relações Exteriores do Irã. A comunicação foi relatada por veículos de mídia oficial neste domingo. Este movimento ocorre em meio à expectativa de Washington por uma resposta a um convite para diálogos sobre um novo pacto nuclear. Neste mês, Teerã recebeu uma correspondência do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na qual é concedido um prazo de dois meses para o Irã decidir a respeito da adesão a novas negociações ou enfrentar sanções mais rigorosas, parte da renovada estratégia de “pressão máxima” implementada pelo presidente.
Enquanto isso, o líder supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, havia rejeitado anteriormente a proposta de negociações, considerando-a enganosa. Na quinta-feira, o ministro Araqchi afirmou que Teerã daria uma resposta em breve às ameaças e oportunidades apresentadas na carta. No domingo, ele acrescentou que a resistência do Irã a negociações não resulta de obstinação, mas sim de suas experiências e do contexto histórico. Araqchi enfatizou que Washington precisa ajustar sua política antes que Teerã voltem a se engajar em conversas.
Durante seu primeiro mandato, Donald Trump retirou os Estados Unidos de um acordo firmado em 2015 com o Irã e outras potências, que impunha limites rigorosos às atividades nucleares iranianas em troca de alívio das sanções. Após essa retirada, que ocorreu em 2018, e a subsequente restauração das sanções, o Irã começou a desrespeitar esses limites, avançando significativamente seu programa nuclear. O ministro Araqchi afirmou que, em sua visão, o acordo de 2015, tal como está, não pode ser revitalizado, pois o desenvolvimento do programa nuclear do Irã progrediu muito além das condições originais.
Além disso, Araqchi mencionou que as sanções existentes também não podem ser mais presas às condições que eram válidas anteriormente. Ele sugere que o pacto nuclear de 2015 ainda poderia servir como uma base ou modelo para futuras negociações. As potências ocidentais, por outro lado, acusam o Irã de tentar desenvolver armas nucleares através do enriquecimento de urânio a níveis de até 60%, o que, segundo elas, excede o necessário para fins civis. Teerã, por sua vez, sustenta que o avanço de seu programa nuclear se destina a objetivos pacíficos e que está em conformidade com os regulamentos do direito internacional.