4 março 2025
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Mulheres Assumirão a Metade da Riqueza Global em 25 Anos

Emma Wheeler ocupa a posição de diretora executiva da UBS Global Wealth Management, que é a divisão de gestão de fortunas do Grupo UBS. Neste cargo, ela lidera o programa Women’s Wealth, estabelecido em 2017, com o intuito de promover a autonomia financeira das mulheres. Formada em Inglês e Literatura Clássica pela Universidade de Londres, ela tem sido uma figura proeminente na mudança de paradigmas dentro do setor de gestão de patrimônio, assegurando que as preferências femininas sejam levadas em conta.

Wheeler é membro do Council for Investing in Female Entrepreneurs, um corpo consultivo voltado para incentivar o empreendedorismo feminino no Reino Unido. Seu envolvimento com este tema é constante, e em 2021, ela liderou uma equipe de especialistas na criação do Invest in Women Hub, uma plataforma online concebida para ajudar empreendedoras em fase inicial a desenvolverem seus negócios. Além disso, nesse mesmo ano, Wheeler lançou o Prêmio de Empreendedorismo Feminino da UBS e o Project Female Founder, um programa global de aceleração destinado a apoiar mulheres empreendedoras, auxiliando-as na formação de redes de contatos e na captação de investimentos.

Em entrevista, Wheeler observou que as mulheres ainda não investem na mesma proporção que os homens, mas estima-se que, após a chamada “grande transferência de riqueza”, elas sejam responsáveis por cerca de metade da riqueza global. A executiva também comentou que empresárias recebem menos financiamento do que seus homólogos masculinos e que, caso houvesse igualdade de oportunidades, o PIB global poderia aumentar entre 3% e 6%.

Wheeler destacou que, em 2014, ficou claro que o perfil da riqueza estava se transformando, com um aumento da posse e controle de patrimônio por mulheres. O objetivo do programa Women’s Wealth é atender melhor às necessidades financeiras das mulheres, promovendo uma mudança abrangente no setor de serviços financeiros.

As estatísticas projetam que até 2025, 35% do patrimônio privado mundial estará nas mãos das mulheres, cuja participação está crescendo em um ritmo mais acelerado que a dos homens. Cada vez mais, mulheres estão assumindo o controle de riqueza como empreendedoras, líderes empresariais, herdeiras e também na condição de solteiras, resultantes de divórcios ou viuvez.

A grande transferência de riqueza, que representa a transição de patrimônio dos baby boomers para os millennials nos próximos 25 anos, sugere que as mulheres herdarão uma proporção significativa, estimada entre US$ 84 trilhões e US$ 129 trilhões apenas nos Estados Unidos. Além disso, devido à expectativa de vida mais alta das mulheres, elas poderão administrar uma quantidade significativa da riqueza global. Essa mudança representa um marco histórico nas dinâmicas econômicas atuais.

Os estereótipos de gênero, enraizados nas gerações passadas, dificultam a participação das mulheres nas discussões sobre investimentos. Assim, muitas mulheres ainda não estão integradas nessas conversas financeiras, um fenômeno que se manifesta mesmo diante de mudanças positivas entre as gerações mais jovens. A pandemia trouxe um cenário que incentivou muitas mulheres a se envolverem mais ativamente em sua gestão financeira, levando a uma reavaliação de suas estratégias de investimento.

Os dados de um estudo realizado em 2017 indicam que as mulheres atravessam um percurso financeiro distinto, em face de fatores como diferenças salariais, tempo fora do mercado de trabalho para a maternidade e uma menor confiança ao investir. A pesquisa sugeriu que, adotando uma abordagem informada aos investimentos, as mulheres têm o potencial de reduzir a desigualdade de riqueza ao longo de suas vidas.

Além disso, o estudo ressaltou a importância da participação das mulheres nas decisões financeiras de longo prazo dentro de seus lares, evitando que assumam essas responsabilidades sem o conhecimento necessário. Para suprir essa demanda, é imperativo capacitar consultores de patrimônio para que compreendam a necessidade de uma abordagem adaptada às mulheres.

As investidoras tendem a ser mais estratégicas, tomando decisões calculadas e foi observado que, em geral, seus portfólios têm um desempenho superior ao dos homens. Assim, as mulheres não são avessas ao risco, mas fazem escolhas ponderadas baseadas em dados. Muitas vezes, elas também são responsáveis por educar seus filhos sobre gestão de riqueza, reforçando hábitos financeiros saudáveis.

Entretanto, as barreiras para uma maior igualdade financeira ainda persistem, com um número desproporcional de mulheres não investindo ativamente. Este cenário representa uma oportunidade econômica significativa, já que se as mulheres se engajassem nos investimentos em igual proporção aos homens, isso poderia adicionar trilhões ao capital disponível para investimento.

Embora o número de mulheres empreendedoras tenha aumentado, elas frequentemente enfrentam desafios para iniciar seus negócios. Estudos indicam que, se as mulheres tivessem igual acesso a oportunidades de financiamento, o crescimento do PIB global poderia ser substancial. As disparidades no acesso a capital não apenas afetam as mulheres de modo geral, mas são ainda mais desiguais para mulheres negras e aquelas de países em desenvolvimento.

Além disso, as mulheres que conseguem captar financiamento tendem a ter negócios bem-sucedidos, oferecendo retornos mais altos aos investidores. Dados convergentes demonstram que empresas fundadas por mulheres frequentemente superam financeiramente as fundações masculinas em termos de receita.

Para abordar a desigualdade no financiamento, é fundamental aumentar a consciência sobre essas disparidades, além de promover uma maior transparência. Identificar e implementar soluções para eliminar preconceitos e promover um ambiente competitivo equilibrado é imprescindível. Conectar mulheres empreendedoras e investidores é um passo importante, assim como assumir a responsabilidade de refletir sobre preconceitos que possam afetar as decisões de financiamento. Essa abordagem pode contribuir para a construção de um cenário mais igualitário no empreendedorismo.

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