As negociações sobre o programa nuclear do Irã foram iniciadas neste sábado (12) entre os Estados Unidos e o Irã, em um cenário de tensão onde uma operação militar americana é colocada como uma possibilidade caso um acordo não seja alcançado. As discussões estão ocorrendo em Mascate, capital de Omã, por meio de um intermediário, conforme informado pelo Ministério das Relações Exteriores do Irã. Embora os EUA tenham mencionado a intenção de estabelecer “negociações diretas”, este marca o primeiro contato desse tipo desde 2018, quando o governo anterior decidiu retirar os EUA do acordo de 2015, que visava limitar o programa nuclear iraniano em troca do levantamento de sanções econômicas.
As negociações estão sendo conduzidas por Abbas Araqchi, ministro das Relações Exteriores do Irã, e por Steve Witkoff, enviado especial dos EUA para o Oriente Médio. Araqchi expressou, em um comunicado de vídeo veiculado pela televisão estatal, que a meta é chegar a um acordo que seja justo e respeitoso, atendendo a condições de igualdade. O principal objetivo é a criação de um novo pacto, pois o Irã tem desconsiderado compromissos anteriores e tem aumentado o enriquecimento de urânio em níveis que podem ser suficientes para a fabricação de armas nucleares.
Recentemente, o governo dos EUA indicou que uma ação militar pode ser considerada caso não haja um consenso. Em resposta, o Irã ameaçou retirar os inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que supervisionam suas atividades nucleares, o que Washington classificou como uma possível escalada do conflito.
Peritos apontam que o Irã demonstra disposição para negociar devido às sanções que afetam severamente sua economia. As relações entre Irã e Israel, que foram marcadas por confrontos indiretos, também se intensificaram, com ataques diretos ocorrendo recentemente. Witkoff, em declarações, destacou que a “linha vermelha” dos EUA envolve a militarização da capacidade nuclear iraniana, e que a posição dos Estados Unidos é iniciar as negociações com foco no desmantelamento do programa nuclear do Irã, embora haja a intenção de buscar outras formas de acordo.
Adicionalmente, a administração americana sublinhou que, apesar das tensões, os esforços devem ser feitos para evitar que o Irã desenvolva armamento nuclear, o que é negado pelo país, que afirma que suas atividades relacionadas ao nuclear têm fins pacíficos. Desde a saída dos EUA do acordo de 2015, o Irã aumentou o nível de enriquecimento de urânio, atualmente em 60%, muito acima do limite de 3,67% estabelecido anteriormente. Especialistas indicam que pode haver um compromisso por parte do Irã em aceitar limitações em seu programa nuclear, em troca de alívio das sanções, embora considerem improvável um desmantelamento total.
Os Estados Unidos aumentaram as sanções contra o Irã, abrangendo seu programa nuclear e o setor de petróleo, como parte da estratégia de “pressão máxima”. As tensões entre Irã e Israel, por sua vez, estão sendo intensificadas pelo contexto dos conflitos em Gaza e no Líbano, além das prioridades do Irã em garantir a sobrevivência de seu regime e buscar medidas que aliviem a pressão econômica enfrentada.