O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, declarou no último domingo que o Hamas deve se desarmar, permitindo que seus líderes deixem a Faixa de Gaza. Essa afirmação surge em um contexto de bombardeios intensos realizados por Israel no território palestino. Ataques aéreos em Khan Yunis resultaram na morte de pelo menos 17 pessoas, a maioria mulheres e crianças, conforme relatório do hospital Nasser. Um dos ataques destruiu uma casa e uma tenda onde estavam deslocados palestinos, coincidentemente no primeiro dia do Eid al-Fitr, que marca o fim do Ramadã.
Desde o dia 18 de março, Israel intensificou sua ofensiva terrestre e aérea, rompendo uma trégua que havia se mantido por 15 meses. Antes do término desse cessar-fogo, cerca de 2,4 milhões de pessoas na região experimentaram um alívio temporário, embora muitos tenham sido forçados a se deslocar repetidamente desde o começo do conflito, iniciado em 7 de outubro de 2023.
O Crescente Vermelho Palestino reportou a recuperação dos corpos de 15 socorristas que foram mortos em um ataque a ambulâncias por forças israelenses em Gaza, em 23 de março. Segundo a organização, os corpos estavam enterrados na areia. O Comitê Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (CICV) condenou a agressão, destacando que os trabalhadores humanitários estavam prestando atendimento a feridos e portavam emblemas que deveriam garantir sua segurança.
Netanyahu afirmou que a pressão militar sobre o Hamas está começando a surtir efeitos, indicando que há sinais de fissuras nas exigências do grupo nas negociações. Essas declarações coincidem com novas tentativas de mediação, envolvendo o Egito, Catar e Estados Unidos, com o objetivo de alcançar um cessar-fogo e a libertação dos reféns israelenses mantidos pelo Hamas. Um porta-voz do grupo anunciou que uma nova proposta de trégua foi aprovada e que Israel deveria considerá-la.
O gabinete de Netanyahu confirmou ter recebido a proposta e apresentou uma contraproposta. O presidente da França, Emmanuel Macron, também ingressou nas negociações, pressionando Netanyahu por uma trégua. Após uma conversa telefônica com o primeiro-ministro israelense, Macron fez um apelo público para que os bombardeios em Gaza fossem interrompidos e a trégua fosse retomada.
O Exército israelense ativou sirenes de ataque aéreo após interceptar um míssil disparado do Iêmem, reivindicado pelos rebeldes huthis, apoiados pelo Irã, que alegaram que o alvo era o aeroporto Ben Gurion. Desde o início do conflito, esses rebeldes têm realizado ataques com mísseis contra Israel e atingido navios no Mar Vermelho e no Golfo de Áden, em apoio à causa palestina.
Netanyahu programou uma viagem à Hungria para o dia 2 de abril, onde se reunirá com o primeiro-ministro Viktor Orbán e outras autoridades. Esta visita ocorre em meio a uma avaliação do Tribunal Penal Internacional (TPI) sobre um mandado de prisão contra Netanyahu, relacionado a supostos crimes de guerra e crimes contra a humanidade em Gaza. Apesar de a Hungria ter assinado o Estatuto de Roma, o país ainda não promulgou a convenção que permitiria a aplicação das decisões do tribunal, citando questões constitucionais.
O ataque do Hamas ao sul de Israel, em 7 de outubro de 2023, resultou na morte de 1.218 pessoas, conforme dados oficiais israelenses. O grupo também sequestrou 251 indivíduos, dos quais 58 ainda estão em Gaza, sendo que 34 já estão mortos. A resposta militar de Israel causou pelo menos 50.277 mortes na Faixa de Gaza, segundo informações do Ministério da Saúde local, dados que a ONU considera confiáveis.