A denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República, em 18 de outubro, contra Jair Bolsonaro e seus principais aliados no que se refere a uma tentativa de golpe de Estado, abre um novo capítulo na história do Brasil e de suas instituições. Essa situação representa uma oportunidade para reafirmar a democracia e a funcionalidade das estruturas governamentais, além de possibilitar o distanciamento do estigma de ser “o país do jeitinho”.
As evidências sobre a intenção golpista de Bolsonaro são abundantes, uma vez que ele passou décadas defendendo ações da ditadura militar e promovendo a desvalorização das instituições civis. Ademais, existem claros indícios de que o ex-presidente incentivou tanto servidores militares quanto civis a agirem contra o Supremo Tribunal Federal e outros órgãos, incluindo a mídia.
A mesma figura que anteriormente sugeriu o uso da violência contra o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso é a que prometeu agredir um repórter por questões consideradas incômodas. Caso a conspiração seja confirmada, a condenação daqueles envolvidos em atividades golpistas se torna essencial para que o Brasil demonstre ao mundo que as leis devem ser respeitadas.
Esse contexto ocorre em um momento em que, muitas vezes, interesses pessoais de autoridades resultam em tolerância a situações irregulares envolvendo políticos em grandes escândalos. Curiosamente, existe uma semelhança entre a situação atual e escândalos do passado. Após a acusação da PGR, Bolsonaro e seus apoiadores começaram a difundir a narrativa de serem alvos de lawfare e perseguições, desqualificando a denúncia como “uma peça de ficção”.
Diferentes abordagens marcam a comparação entre Lula e Bolsonaro no que diz respeito a golpes. O atual presidente é visto como a principal vítima dessa conspiração, enquanto seu predecessor se posicionou como um significativo opositor da ditadura. Além disso, a atual situação, que envolve a tentativa de abolição da democracia, é considerada mais grave do que escândalos anteriores.
Entretanto, cabe destacar que os argumentos utilizados por Bolsonaro e seu grupo, agora denunciados, são comparáveis aos apresentados por políticos aliados a Lula durante as investigações relacionadas ao Mensalão e à Operação Lava Jato, que também enfrentaram diversas denúncias e abusos. No caso do Mensalão, as provas de irregularidades eram abundantes, mas Lula, Dilma e seu partido nunca reconheceram erros ou buscaram uma autocrítica.
Espera-se que a denúncia contra Bolsonaro não resulte em uma impunidade lamentável, mas sim inicie um novo capítulo em que a Constituição e as leis sejam respeitadas e aplicadas de forma séria no país.
