25 fevereiro 2025
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Nova descoberta revela a verdadeira razão pela qual Marte é vermelho; saiba mais!

Com sua característica coloração avermelhada, Marte tem sido denominado como o “planeta vermelho”. Recentemente, pesquisadores podem ter identificado uma possível origem para essa tonalidade, o que desafia teorias anteriores a respeito do fenômeno. Marte é amplamente estudado no sistema solar devido à sua proximidade com a Terra e às múltiplas missões espaciais realizadas nas últimas décadas. As informações coletadas por orbitadores e sondas indicam que a coloração vermelha do planeta resulta da presença de minerais de ferro oxidado na poeira marciana.

Em um determinado momento da história de Marte, o ferro nas rochas interagiu com água e oxigênio, formando óxido de ferro, processo similar à ferrugem que ocorre na Terra. Ao longo de bilhões de anos, esse óxido de ferro se desintegrou em partículas de poeira, que foram distribuídas por todo o planeta devido aos intensos ventos marcianos, responsáveis por redemoinhos e tempestades de poeira.

Estudos anteriores sobre o óxido de ferro em Marte, que se basearam somente em análises feitas por espaçonaves, não detectaram a presença de água, o que levou os cientistas a acreditar que o óxido derivava da hematita. Essa forma de mineral, um dos principais constituintes do minério de ferro, foi considerada como resultado de reações ocorridas na atmosfera marciana ao longo de bilhões de anos, sugerindo que a hematita teria se formado após a suposta existência de lagos e rios na superfície do planeta. No entanto, novas pesquisas, que integraram dados de diversas missões espaciais e amostras de poeira marciana recriada em laboratório, indicam que um outro tipo de mineral, formado em presença de água fria, poderia ser responsável pela coloração vermelha, o que poderia alterar a compreensão sobre a habitabilidade de Marte em seu antigo estado.

Uma equipe de pesquisadores apresentou essas descobertas em um artigo na revista Nature Communications. Essa nova análise visa identificar o óxido de ferro específico que pode estar relacionado à coloração da poeira marciana, ajudando a entender os processos que levaram à sua formação. Apesar de a poeira cobrir a maior parte da superfície marciana, sua análise apresenta desafios devido ao tamanho diminuto das partículas, que são tão pequenas que não possuem uma estrutura cristalina bem definida e, portanto, não podem ser considerados verdadeiros minerais.

Pesquisadores ressaltam que existem várias formas de oxidação do ferro, algumas das quais não envolvem água. Exemplos incluem processos de oxidação superficial que ocorrem em ambientes extremamente áridos, como a Antártida, onde crostas se formam nas rochas. No entanto, também é possível oxidar o ferro na presença de água, como em sedimentos aquáticos e solos.

A nova pesquisa sugere um mineral chamado ferrihidrita, que se forma rapidamente em água fria e pode ter se desenvolvido em Marte quando água ainda estava presente na superfície, antes que o planeta se tornasse frio e inóspito. Análises anteriores já haviam considerado a ferrihidrita como uma responsável pela coloração vermelha, mas o novo estudo combina métodos laboratoriais com dados observacionais pela primeira vez, oferecendo evidências mais concretas.

Os pesquisadores utilizaram dados obtidos por diversos orbitadores, como o Mars Express da Agência Espacial Europeia e o Mars Reconnaissance Orbiter da NASA, além de informações obtidas pelos rovers Curiosity e Opportunity. Os dados revelaram a composição e o tamanho exato das partículas de poeira marcianas, permitindo que os cientistas reproduzissem essa poeira em laboratório.

A equipe gerou poeira marciana em um ambiente controlado, utilizando diferentes óxidos de ferro, e processou-a para atingir um tamanho semelhante ao observado em Marte. Essa poeira foi então analisada com técnicas como espectroscopia de reflectância e raios-X, semelhantes às usadas por naves em órbita do planeta. As análises mostraram que mesmo as áreas mais empoeiradas de Marte contêm evidências de minerais ricos em água, com a ferrihidrita sendo a correspondência mais próxima em comparação com as amostras de laboratório.

A presença de ferrihidrita sugere que Marte passou por um período em que havia água líquida na superfície, um fator fundamental para a vida. O estudo não focou em determinar o momento exato da formação do mineral, mas a evidência sugere que tenha ocorrido há cerca de 3 bilhões de anos, durante um período de intensa atividade vulcânica, que pode ter facilitado o derretimento de gelo e interações entre água e rocha.

Além de estar presente na poeira, a ferrihidrita pode também ser encontrada em camadas de rocha marciana. A coleta de amostras reais de rochas e poeira de Marte será a melhor forma de verificar essas possibilidades. O rover Perseverance já recolheu amostras, e está prevista uma complexa série de missões para retornar esses materiais à Terra nos próximos anos.

Essas novas descobertas também geram questões adicionais para serem exploradas pelos pesquisadores, incluindo a origem da ferrihidrita em Marte e a composição da atmosfera do planeta durante o período de sua formação. Entender esses aspectos pode fornecer informações valiosas sobre a evolução atmosférica de planetas similares à Terra.

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