20 fevereiro 2025
HomeEconomiaNovas Tarifas de Trump: Revelando Verdades Impactantes

Novas Tarifas de Trump: Revelando Verdades Impactantes

É amplamente argumentado que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não agiu de maneira a promover um estelionato eleitoral, uma vez que tem cumprido suas promessas de campanha desde que assumiu o cargo. Desde sua posse, ele tem implementado políticas voltadas para “fazer a América grande novamente”, como a restrição à imigração ilegal e a deportação de imigrantes indocumentados. Recentemente, ele começou a reavaliar a balança comercial dos Estados Unidos com outros países, estabelecendo, no início do mês, uma tarifa de 25% sobre importações do Canadá e do México, cuja implementação foi posteriormente adiada por um período de trinta dias. No dia 10 de fevereiro, Trump revogou o regime de cotas de importação para produtos siderúrgicos, substituindo-o por uma tarifa de 25% sobre aço e alumínio vendidas por outros países, incluindo o Brasil. Essa medida, prevista para entrar em vigor em 12 de março, visa proteger a indústria siderúrgica americana, que perdeu mercado ao longo dos últimos vinte anos, período em que a China ascendeu como a maior produtora mundial de aço. Trump deixou claro que seu foco prioritário está voltado à China, considerando que exportadores como o Brasil atuam como intermediários na venda de aço chinês para o mercado americano.

No que diz respeito ao Brasil, a realidade é clara: o país não pode competir diretamente com os Estados Unidos. O Brasil ocupa a nona posição no ranking global de produção de aço, com 33 milhões de toneladas em 2024, enquanto os EUA estão em quinto lugar, com 79 milhões de toneladas. Apesar da menor produção americana, os Estados Unidos são os maiores importadores de produtos siderúrgicos do mundo, comprando 26 milhões de toneladas de seus parceiros somente em 2024. O Brasil é o segundo maior fornecedor de aço aos EUA; no ano passado, exportou 4,1 milhões de toneladas, gerando uma receita de 5,7 bilhões de dólares. Isso revela a assimetria nas relações comerciais, já que 48% das exportações de aço brasileiro destinam-se aos Estados Unidos, enquanto o país responde por menos de 16% das necessidades do mercado americano. O setor de alumínio brasileiro também se mostra dependente do mercado americano, com vendas que totalizaram 267 milhões de dólares em 2024, representando 17% das exportações do setor.

As exportações brasileiras para os Estados Unidos são predominantemente compostas por produtos semiacabados, que são posteriormente laminados e acabados por indústrias americanas. O especialista no setor, Germano Mendes de Paula, afirma que “é difícil encontrar mercados que compensariam a provável queda nas exportações devido à nova tarifa”, especialmente considerando que a produção mundial de placas caiu quase 1% no último ano.

Embora o cenário geral seja preocupante, a valoração dos impactos da nova tarifa nas siderúrgicas brasileiras varia. A Gerdau, por exemplo, possui usinas na América do Norte e, portanto, está melhor posicionada para lidar com a situação. Em 2024, 39% de sua receita líquida, que totalizou 50 bilhões de reais, provieram dessas operações. Um relatório do banco Itaú BBA sugere que, caso a tarifa cause um aumento de 5% nos preços do aço no mercado americano, o Ebitda da Gerdau poderia crescer até 12%. A empresa enxerga a situação de forma positiva, conforme afirmou uma fonte não identificada, destacando que não exportam para os Estados Unidos, mas sim produzem lá.

Outras empresas enfrentam desafios diferentes. Analistas de mercado apontam que a ArcelorMittal, que exporta 75% de sua produção para os Estados Unidos, pode ser uma das mais afetadas. Para as empresas com ações listadas na bolsa brasileira, o impacto deve ser reduzido, segundo avaliação do BTG Pactual, que destaca que menos de 5% da receita da Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) provém do mercado americano. A Usiminas e a CSN também estão em uma posição mais favorável, pois mantêm apenas exportações limitadas para os Estados Unidos.

A imposição da nova tarifa irá testar a habilidade do governo brasileiro em negociar com a administração Trump. Diplomatas recomendam uma abordagem cuidadosa, com o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, enfatizando a necessidade de diálogo. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também observou que a decisão de Trump não é direcionada especificamente ao Brasil, mas se aplica a todos os países. No entanto, essa estratégicas podem ser desviadas por declarações mais impulsivas, como as do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que expressou disposição para retaliar os Estados Unidos se a situação se agravar, provocando uma resposta negativa na mídia e entre analistas.

Conflitos com a Casa Branca, segundo especialistas, não são aconselháveis. Exemplos como o da Colômbia, que enfrentou consequências adversas ao tentar retaliar as tarifas impostas pelos EUA, ilustram os riscos de um confronto. A Colômbia, após impor tarifas sobre produtos americanos, rapidamente reverteu a posição ao concordar em receber deportados, evitando um impasse que poderia ter repercussões mais severas.

Engajar-se em uma resposta de retaliação pode acarretar em várias consequências indesejadas, como elevação dos preços dos produtos importados, o que exacerbaria a inflação em um cenário já delicado. A administração Trump também manifestou intenções de criar tarifas recíprocas, que poderiam resultar em um ajuste desfavorável para o Brasil. A economia nacional tem, historicamente, optado pelo protecionismo sem promover os investimentos necessários em inovação e competitividade.

Um dos trunfos do Brasil é a resistência das empresas americanas, que temem aumentos nos custos de produção na esteira das novas tarifas. Especialistas indicam que a imposição de tarifas de 25% sobre commodities metálicas é uma medida extrema, tendo em vista que os Estados Unidos não produzem aço em volume suficiente para se tornarem autossuficientes. O histórico de tarifas impostas em gestões anteriores de Trump já demonstrou suas consequências tanto positivas quanto negativas, revelando a complexidade da relação comercial.

Assim, a espera para observar os efeitos das novas tarifas sobre a inflação e a indústria pode ser a estratégia mais prudente neste momento. A diplomacia deve ser praticada com cautela, e a guerra de tarifas no setor siderúrgico exigirá robustez e astúcia nas interações comerciais futuras.

NOTÍCIAS RELACIONADAS
- Publicidade -

NOTÍCIAS MAIS LIDAS

error: Conteúdo protegido !!