A Nvidia divulgou, na noite de quarta-feira, 26, os resultados financeiros referentes ao último trimestre fiscal, encerrado em janeiro, assim como do ano completo. Os números eram aguardados com expectativa, especialmente pelo mercado americano, pois poderiam indicar uma desaceleração no setor de chips ou revelar os impactos do lançamento do modelo de inteligência artificial DeepSeek, que resultou em uma perda de US$ 500 bilhões em valor de mercado para a Nvidia em um único dia.
No quarto trimestre, a Nvidia reportou um lucro líquido de US$ 22,09 bilhões, uma alta de 80% em relação ao mesmo período do ano anterior. A receita foi de US$ 39,3 bilhões, apresentando um crescimento de 78%. No total do ano fiscal, a empresa obteve uma receita de US$ 130,5 bilhões, o que representou um aumento de 114%. Assim, a Nvidia alcançou seu terceiro ano consecutivo de crescimento superior a 100%. O lucro líquido anual foi de US$ 72,9 bilhões, marcando um incremento de 145%. Quando comparado ao ano fiscal que se encerrou em janeiro de 2023, esse aumento alcança 875%.
Apesar do desempenho satisfatório, uma leve queda nas margens de lucro bruto impactou negativamente as expectativas dos investidores, resultando em uma diminuição no valor das ações. No quarto trimestre, o lucro em relação às vendas foi de 73% da receita, comparado a 76% no mesmo período do ano fiscal anterior. A diretora financeira da Nvidia, Colette Kress, atribuiu essa redução ao processo de transição da empresa para sistemas mais complexos e custosos.
Para o primeiro trimestre deste ano fiscal, a companhia estima um resultado de US$ 43 bilhões. Esse montante pode variar cerca de 2% em relação ao que é projetado por analistas de Wall Street, que é de US$ 42,7 bilhões.
A principal fonte de receita da Nvidia, que representa 95% do total, provém do mercado de data centers, onde a empresa comercializa suas GPUs, um tipo de processador voltado para o processamento gráfico. No quarto trimestre, as vendas de GPUs geraram US$ 35,6 bilhões em receita. Em comparação ao período entre agosto e outubro, houve um aumento de 16% e de 93% em relação ao quarto trimestre do ano fiscal anterior. Especialistas do Morgan Stanley projetam que, até 2025, a Nvidia deve dominar cerca de 95% desse mercado, que está avaliado em US$ 158 bilhões. Além da venda de GPUs, a Nvidia também fornece soluções como SDKs e APIs.
As projeções otimistas para o novo ano fiscal são, em parte, atribuídas ao lançamento da GPU Blackwell no último ano. Durante a apresentação dos resultados financeiros, o CEO Jensen Huang destacou que “a demanda pelo modelo é incrível,” afirmando que os avanços em inteligência artificial aumentam a capacidade computacional e, consequentemente, a eficácia das respostas geradas.
A Nvidia é parceira da DeepSeek, portanto, o anúncio do novo modelo de IA não foi uma surpresa para a empresa. No entanto, a recepção no mercado foi de choque, gerando preocupações sobre uma possível desaceleração no setor de inteligência artificial, preocupação que foi contestada por Jensen Huang, que acredita na aceleração do setor.
Segundo Marcio Aguiar, diretor de vendas empresariais da Nvidia na América Latina, o lançamento da DeepSeek deverá estimular uma maior implementação de inteligência artificial por parte das empresas, que, com ferramentas mais acessíveis, poderão gradualmente adotar tecnologias mais sofisticadas, como as oferecidas pela OpenAI. Vale destacar que, em janeiro, o lançamento da IA chinesa causou uma queda de aproximadamente 17% nas ações da Nvidia, devido às incertezas sobre a capacidade da DeepSeek de competir com as tecnologias mais avançadas do mercado, resultando em uma diminuição histórica no valor da companhia na Bolsa de Valores americana.