22 fevereiro 2025
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O Algoritmo Inovador que Preserva Alimentos e Combate o Desperdício

No Brasil, há um contraste significativo onde a quantidade de comida descartada é equivalente a oito vezes o necessário para alimentar os necessitados. Um dado alarmante informa que 65% das frutas, legumes e verduras produzidos no estado de São Paulo acabam indo para o lixo. A natureza perecível desses vegetais os torna suscetíveis a deterioração rápida, e muitos não chegam nem mesmo a apodrecer, sendo descartados por não terem uma aparência atrativa para a venda em supermercados e feiras.

A principal causa desse desperdício está relacionada à falta de um planejamento eficaz sobre o que adquirir e quando fazê-lo. A decisão de comprar menos para evitar sobras é arriscada para o setor varejista, pois implica em vender menos produtos, o que não é desejável para os comerciantes. Para enfrentar esse desafio, a startup Aravita, fundada em 2022 pelo economista Marco Perlman e pelos engenheiros Bruno Schrappe e Aline Azevedo, visa auxiliar o setor varejista a “comprar corretamente” por meio de uma plataforma de inteligência artificial. Essa tecnologia tem o potencial de reduzir o desperdício em até 20%.

A solução desenvolvida pela Aravita utiliza modelos avançados de aprendizagem profunda e por reforço, que analisam uma variedade de variáveis com precisão e agilidade superiores à capacidade humana. Os algoritmos da plataforma levem em conta a previsão de consumo de produtos, o estoque disponível, as datas de entrega e o histórico dos fornecedores para determinar as quantidades ideais de hortifrutis.

Estudos indicam que fatores como condições meteorológicas e o calendário salarial dos consumidores influenciam os tipos de produtos mais procurados em diferentes épocas. Por exemplo, em dias quentes, a demanda por saladas e frutas aumenta, enquanto, em dias frios, produtos como batatas e lentilhas são mais populares. O local onde o comércio está situado também é considerado, pois em áreas de grande fluxo no final do dia, as vendas tendem a aumentar.

Relatórios diários gerados pela Aravita incorporam a possibilidade de imprevistos, como enchentes que possam afetar o comércio. Nesse contexto, a inteligência artificial sugere ajustes nas previsões de venda, além de informar sobre a deterioração dos produtos. O foco inicial da empresa são supermercados com faturamento superior a R$ 1 bilhão, que possuem sistemas de dados mais organizados, facilitando a análise.

Atualmente, a tecnologia da Aravita é utilizada pela rede St. Marche, que busca proteção judicial em São Paulo devido a questões financeiras. Ao todo, 33 lojas em diversas localidades, incluindo a capital paulista e sua região metropolitana, estão utilizando a solução.

Dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) revelam que, globalmente, cerca de 45% das frutas e vegetais produzidos são desperdiçados. A Aravita atua em um cenário onde outras empresas também estão explorando o potencial da inteligência artificial para minimizar as perdas alimentares, como a Strella Biotech, que desenvolveu sensores para monitorar a maturação das frutas.

Além disso, soluções estão sendo desenvolvidas para rastrear resíduos na culinária comercial, como o sistema da Positive Carbon, que utiliza câmeras para identificar ingredientes e sobras de refeições. A expectativa é que a inteligência artificial desempenhe um papel fundamental na redução do desperdício de alimentos, e sua evolução futuramente será de grande importância para esse setor.

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