A pressão exercida pelo governo dos Estados Unidos para promover o que se denomina “reindustrialização” do país está apresentando resultados. No dia 3 de março, a Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC), a maior fabricante de chips do mundo, anunciou um investimento de US$ 100 bilhões nos Estados Unidos. O anúncio será formalizado em uma reunião entre o presidente e o CEO da TSMC, C.C. Wei, onde serão discutidos os detalhes dos investimentos no país. Anteriormente, a TSMC já tinha revelado planos de investir US$ 65 bilhões em novas fábricas no Arizona.
Um comunicado da TSMC, divulgado à CNN, destacou que a empresa iniciou sua trajetória de fabricação avançada de chips nos Estados Unidos em 2020, com o apoio do governo. No entanto, a reação do mercado financeiro ao anúncio foi negativa; as ações da empresa abriram em queda e fecharam com uma perda superior a 4,5% no final do dia.
Apesar de a Casa Branca não ter confirmação sobre o conteúdo da reunião, a TSMC expressou otimismo sobre a discussão de seus planos para o setor de semicondutores. Esse anúncio acontece após a declaração do presidente, que indicou a possibilidade de tributação sobre a importação de semicondutores fabricados fora do país, o que teria impacto nos negócios da empresa taiwanesa.
O presidente já havia sugerido, em um discurso no Congresso, que poderia implementar uma tarifa de 25% sobre a produção estrangeira desses insumos essenciais. Essa promessa, porém, ainda não se concretizou. As empresas de Taiwan são responsáveis por cerca de 60% da produção global de chips, e a intenção do governo é aumentar os investimentos locais nesse setor.
Durante a administração de Joe Biden, foi criada a legislação chamada Chips and Science Act, que visa destinar US$ 52,7 bilhões em subsídios para a produção e pesquisa de semicondutores nos Estados Unidos. Desde a implementação da legislação, a TSMC recebeu já US$ 6,6 bilhões em incentivos para a instalação de suas fábricas no país. Atualmente, a empresa possui uma unidade em operação e uma segunda planejada para 2028.
Adicionalmente, o ex-presidente defendeu que a tributação seria uma maneira eficiente de proteger a indústria nacional. Durante um evento no Congresso, ele afirmou que as empresas já possuem significativos recursos financeiros e precisam de incentivos, como a eliminação de impostos, para construir suas fábricas.
O compromisso da TSMC se alinha a outros investimentos significativos feitos por importantes empresas de tecnologia no governo norte-americano. Recentemente, o CEO da Apple, Tim Cook, apresentou um plano de investimento de US$ 500 bilhões para os próximos quatro anos, incluindo uma nova fábrica no Texas, enquanto prometeu que a produção da Apple será transferida do México para os Estados Unidos.
Além disso, em janeiro, empresas como Oracle, OpenAI e SoftBank anunciaram a criação de uma nova companhia, chamada Stargate, com a finalidade de aprimorar a infraestrutura em Inteligência Artificial nos Estados Unidos, também com um investimento previsto em torno de US$ 500 bilhões. Em resposta a essa política, novas tarifas de importação foram introduzidas, incluindo uma de 25% sobre produtos provenientes do Canadá e do México, que começará a ser aplicada em breve. O presidente também implementou um adicional de 10% sobre as importações da China e uma tarifa de 25% sobre a importação de aço e alumínio, que entrará em vigor na metade de março.
