Um dos principais aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-prefeito Waguinho Carneiro enfrenta atualmente um de seus momentos mais delicados em termos políticos. Em Belford Roxo, cidade que governou, não conseguiu eleger seu sucessor e acabou tendo que lidar com a vitória de um antigo aliado que se tornou seu inimigo. Além disso, ele enfrenta a possibilidade de se tornar inelegível por problemas relacionados à aprovação das contas de sua administração. No partido que comanda no estado, os Republicanos, Waguinho tem visto seu poder e influência diminuírem em meio a uma disputa interna com figuras ligadas à Igreja Universal do Reino de Deus.
Waguinho, que esteve à frente da prefeitura desde 2017, viu seu prestígio crescer consideravelmente durante seus dois mandatos. Ele conseguiu aumentar sua influência na Assembleia Legislativa do Rio e fortalecer seu relacionamento com o governo estadual, alcançando seu auge em 2022, quando seu vice, Márcio Canella, e sua esposa, Daniela Carneiro, se tornaram os candidatos mais votados para a Alerj e a Câmara dos Deputados, respectivamente. Nesse período, Waguinho se aproximou do então candidato à presidência, Lula, e colaborou com sua campanha em uma região onde a maioria era favorável ao bolsonarismo, conquistando a confiança do petista.
Essa relação foi solidificada em uma publicação recente, onde o ex-prefeito aparece ao lado de Daniela, de mãos dadas com Lula no Palácio do Planalto. Durante o encontro, ele presenteou o presidente com um livro que documenta suas realizações como prefeito na Baixada Fluminense. No Instagram de Waguinho, os únicos posts destacados são aqueles que mostram sua interação com Lula.
Em troca de seu apoio, Waguinho conseguiu um ministério — o do Turismo, que sua esposa chefiou temporariamente antes de uma reestruturação no governo federal lhe retirar o cargo. Apesar disso, Lula também direcionou recursos significativos para sua administração. No entanto, esses fatores não foram suficientes para garantir a reeleição de seu grupo político. Waguinho assistiu à derrota de seu sobrinho, Matheus Carneiro, que foi derrotado por Canella, seu ex-vice, que se tornou um adversário barulhento.
Em novembro do ano passado, Waguinho enfrentou mais um revés. As contas de seu mandato de 2022 foram rejeitadas pela Câmara de Belford Roxo, com base em recomendação do Tribunal de Contas do Estado. Essa decisão resultou em uma inelegibilidade de oito anos, demandada também pelo Ministério Público Eleitoral, complicando ainda mais sua situação jurídica, que deverá se prolongar.
Atualmente, a preocupação principal de Waguinho é o cargo que ainda ostenta no estado. Ele assumiu a presidência do diretório fluminense dos Republicanos em 2023, com o apoio do líder nacional do partido e a missão de profissionalizar a legenda no Rio, historicamente ligada à Igreja Universal. Junto com ele, chegou à sigla o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, para liderar no Rio de Janeiro.
No entanto, os resultados das eleições municipais do ano passado abriram espaço para novos movimentos dentro da ala religiosa do partido. A sigla, que se dividiu no apoio à Prefeitura do Rio — oficializando o apoio ao derrotado Alexandre Ramagem, enquanto outros filiados apoiaram o vencedor Eduardo Paes — agora vê seu controle sendo alvo novamente de figuras ligadas à Universal.
Rumores surgem sobre o possível retorno do deputado federal Luis Carlos Gomes, que já liderou a sigla durante cerca de dois anos até as eleições de 2020, como noticiado por um portal local. Outros, entretanto, acreditam que Gomes estaria enfrentando dificuldades, mesmo com o apoio de representantes da denominação no partido. Esse contexto revela um desgaste político em torno da liderança de Waguinho.
Recentemente, porém, o ex-prefeito se defendeu categórica e publicamente. Em suas redes sociais e na página do partido, ele esclareceu que as informações sobre sua situação eram falsas. “A renovação da executiva estadual foi formalizada em 19 de novembro de 2024, com validade até 16 de outubro de 2026. Portanto, continuo como presidente estadual dos Republicanos no Rio de Janeiro até, no mínimo, o fim das eleições de 2026”, reiterou, reforçando sua boa relação com o líder nacional da legenda.