Os advogados Armando de Mattos e Soraia Mendes debateram, nesta quarta-feira, em O Grande Debate, se o aumento da presença do Exército brasileiro na fronteira com a Venezuela afeta negativamente a relação entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Nicolás Maduro. De acordo com investigações de um analista político, as Forças Armadas estão organizando seu maior exercício militar de 2025 próximo à fronteira venezuelana, com um dos objetivos de treinar as tropas para uma possível intensificação dos conflitos com o regime de Maduro. Além disso, desde a posse de Maduro em 10 de janeiro, o país vizinho mantém a fronteira com o Brasil fechada.
Denominada internamente de “Operação Atlas”, a estratégia das Forças Armadas inclui o deslocamento de uma quantidade significativa de veículos blindados e não blindados, junto com cerca de 8.000 oficiais, a partir do primeiro semestre. Para Mattos, a relação entre os dois líderes entra em um “impasse” com o envio das tropas do Exército. “Isso cria um impasse, devido à preocupação que temos desde que eles fecharam as fronteiras e agora, Nicolás Maduro está apreensivo com as nossas tropas ali”, disse Mattos. “É evidentemente que o fechamento da fronteira da Venezuela com o Brasil já levantou um alerta”, continuou. “Entretanto, é necessário treinar nossos militares para qualquer tipo de intervenção naquela área, especialmente com a COP30 marcada para Belém.”
Mendes comentou que essa movimentação pode agravar ainda mais a relação política entre os líderes. “Pode sim piorar. Esse é um exercício militar, que as Forças Armadas realizam anualmente. Não é algo que surgiu por conta da situação na Venezuela, mas isso pode piorar”, observou Mendes. “O Maduro interpretará essa movimentação através do seu prisma, aumentando a percepção de uma ameaça externa”, acrescentou. “A relação entre o governo brasileiro e o de Nicolás Maduro já está conturbada há algum tempo. Recentemente, não houve representação do presidente Lula na posse de Maduro; quem esteve presente foi uma diplomata, uma embaixadora.”