Lisa Marie Presley era a filha do icônico cantor Elvis Presley, uma figura que, na visão de sua infância, era quase divina. Ela acreditava que seu pai tinha a capacidade de influenciar o tempo e se referia a ele como um ser completamento especial. Desde os dias ensolarados até as tempestades, Lisa associava o estado do clima ao humor de Elvis, criando uma conexão intensa e complexa.
As memórias da relação entre Lisa e seu pai se destacam em sua autobiografia, “Rumo ao grande mistério: Memórias”. Elvis Presley faleceu em 16 de agosto de 1977, quando Lisa tinha apenas oito anos, encontrando-se em um dos banheiros de Graceland, sua residência em Memphis, Tennessee. O livro foi finalizado por sua filha mais velha, Riley Keough, após a morte de Lisa, em janeiro de 2023, devido a complicações de uma cirurgia bariátrica. O projeto foi uma longa jornada, e Lisa pediu ajuda a Riley em janeiro de 2022, um mês antes de sua morte.
A obra revela a profundidade dos sentimentos de Lisa em relação ao pai, além de suas experiências de vida, incluindo sua infância em Graceland e sua dinâmica familiar com sua mãe, Priscilla. As páginas abordam temas como suas lutas com o vício, seus relacionamentos, o luto pela morte de seu filho, e muito mais, apresentando uma narrativa repleta de sinceridade e detalhes pessoais. A relação entre pai e filha, embora repleta de amor, também era marcada pela pressão e busca incessante de Lisa por aprovações.
As interações entre Lisa e Elvis eram limitadas às férias escolares, uma vez que ela residia com sua mãe em Los Angeles após o divórcio dos pais, em 1973. Ainda assim, a conexão entre eles era forte e intensa, com Lisa esforçando-se constantemente para trazer alegria ao pai. A autora menciona que a aproximação era mais profunda do que ela jamais expressou para outros, com Elvis sempre presente no que podia, apesar do caos ao seu redor.
Entretanto, a temperamentalidade de Elvis tornava a convivência desafiadora. Lisa notou que sua reação a qualquer descontentamento do pai parecia catastrófica, resultando em uma busca desesperada por sua aprovação. Mesmo após a morte de Elvis, ela nunca conseguiu superar completamente sua perda, detalhando momentos de tristeza profunda e solidão.
Graceland, adquirida por Elvis em 1957 e construída em 1939, é descrita de maneira tão vívida em sua autobiografia que o leitor tem a sensação de passear pela mansão ao lado de Lisa.
Apesar de suas tentativas de carreira musical, com três álbuns lançados, Lisa não alcançou o mesmo nível de sucesso que seu pai. Ela também passou por um breve casamento com Michael Jackson, que aconteceu rapidamente após seu divórcio de Danny Keough. Em reflexões sobre seu relacionamento com o Rei do Pop, Lisa narrou momentos de insegurança e o impacto que a fama de Elvis teve em suas decisões pessoais.
A autobiografia revisita a experiência devastadora da perda de seu filho Benjamin, que cometeu suicídio em 2020. Lisa manteve o corpo do filho em casa por dois meses antes do enterro em Graceland, o que gerou controvérsias na época de seu lançamento. Lisa justificou essa decisão como essencial para que pudesse se despedir plenamente.
As memórias de Lisa incluem momentos de dor, mas também de humor. Ela recorda, por exemplo, a diversão que tinha ao enganar os fãs que se juntavam nas cercas de Graceland, oferecendo fotos que não eram do pai, mas sim da própria casa. Esses momentos refletem não apenas a alegria da infância, mas também as complexidades que viriam na vida adulta, que estaria irrevogavelmente marcada pelo legado de seu pai.