sexta-feira, janeiro 31, 2025
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O impacto do alinhamento planetário na Terra, segundo especialistas

Observadores do céu, astrofotógrafos e entusiastas da astronomia estão aproveitando intensamente este começo de ano. Durante os meses de janeiro e fevereiro, estão acontecendo os alinhamentos planetários, um fenômeno onde vários planetas se posicionam do mesmo lado do Sol, criando a impressão de estarem alinhados no firmamento. Contudo, devido à inclinação de suas trajetórias, os planetas nunca formam uma linha reta real. Embora isso seja apenas uma ilusão de perspectiva para quem está na Terra, o “desfile” simultâneo de seis planetas (Vênus, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno), como ocorreu no dia 21, é um verdadeiro espetáculo para os observadores. Mas aqueles que perderam essa visualização não precisam se preocupar, pois a chance de ver os planetas alinhados continuará por um tempo. Além disso, o grande evento de alinhamento planetário está marcado para o dia 28 de fevereiro, quando Mercúrio se juntará aos outros, resultando em um raro alinhamento de sete planetas visíveis.

De acordo com uma astrônoma de um laboratório no Reino Unido, observar os planetas com os próprios olhos é algo especial. “Quando você contempla esses objetos celestes, está percebendo fótons que viajaram milhões ou bilhões de quilômetros pelo espaço para atingir sua retina”, afirma ela. Mas, além do valor estético, essas configurações planetárias têm alguma importância científica? Podemos adquirir novos conhecimentos sobre o nosso Sistema Solar ao estudá-los? Qual é o verdadeiro impacto para a Terra? A astrônoma explica que, na verdade, os alinhamentos são apenas uma coincidência de posição orbital. No entanto, alguns especialistas defendem que esses eventos têm um valor científico considerável. Entre suas utilidades, destacam a capacidade de estudar as órbitas planetárias com maior precisão, além de auxiliar na calibração de dispositivos astronômicos, como telescópios e outros equipamentos.

Ainda existe a técnica chamada de assistência gravitacional, onde naves espaciais utilizam a gravidade de um planeta para ganhar velocidade ou mudar de trajetória, economizando combustível. Embora os alinhamentos planetários gerem efeitos gravitacionais reais, esses são geralmente sutis. Em essência, tais impactos são insignificantes para a Terra e outros planetas, dado que suas órbitas são majoritariamente influenciadas pela gravidade solar. Um exemplo notável é a “Grande Conjunção” entre Júpiter e Saturno, que ocorre a cada 20 anos e gera pequenas perturbações nas órbitas de asteroides e cometas devido à força gravitacional de ambos os planetas. Entretanto, para a Terra, essa influência é meramente simbólica, sem qualquer efeito físico mensurável, sendo suas alegações contrárias consideradas pseudocientíficas ou desinformação.

Em 1966, um cientista da Nasa propôs aproveitar um raro alinhamento dos quatro planetas mais distantes (Júpiter, Saturno, Urano e Netuno) em 1977, para visitá-los em um intervalo de 12 anos. Estimando que essa missão poderia levar 30 anos caso os planetas não estivessem alinhados, a Nasa decidiu lançar as sondas Voyager 1 e 2, uma vez que esse tipo de alinhamento ocorre a cada 175 anos. Consequentemente, a Voyager 1 passou por Júpiter em 1979 e por Saturno em 1980, mas não visitou Urano e Netuno, pois os cientistas optaram por explorar Titã, a lua de Saturno com atmosferas de nitrogênio e lagos de metano e etano. Por sua vez, a Voyager 2 utilizou o alinhamento para passar por todos os quatro planetas, tornando-se a única espaçonave a visitar Urano e Netuno, em 1986 e 1989, respectivamente. Ambas as sondas continuam operacionais, a mais de 20 bilhões de quilômetros da Terra.

Os alinhamentos planetários não são exclusivos do nosso Sistema Solar. Hoje, astrônomos estão usando esse fenômeno para descobrir e estudar exoplanetas, mundos distantes que orbitam estrelas fora do nosso Sistema Solar. A principal técnica utilizada para localizar esses planetas é o método de trânsito, no qual um exoplaneta alinha-se com a linha de visão da Terra e passa à frente de sua estrela durante a órbita. Esse evento resulta em uma diminuição temporária do brilho da estrela, pois parte de sua luz é bloqueada pelo planeta. Ao medir essa redução de luz, os astrônomos conseguem estimar o tamanho do exoplaneta e até mesmo sua órbita.

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