Cinco dias após a divulgação de planos do presidente dos Estados Unidos de impor tarifas de 25% sobre as importações de aço e alumínio, a Usiminas tornou-se a primeira empresa brasileira do setor a se pronunciar sobre o assunto. A comunicação ocorreu no final da manhã do dia 14 de fevereiro, durante uma teleconferência com analistas sobre os resultados da empresa no quarto trimestre e no ano de 2024. Inicialmente, a gestão da Usiminas não percebe grandes impactos em razão da medida.
Essa avaliação inicial baseia-se no fato de que, nos dois últimos anos, menos de 2% das exportações da Usiminas tiveram os Estados Unidos como destino. Além disso, a companhia considera que as tarifas impostas por Trump podem gerar, como efeito colateral, um aumento nas importações de aço de outros países com menores restrições. O CEO da Usiminas destacou que o Brasil possui uma defesa de importação limitada.
Marcelo Chara, CEO da Usiminas, enfatizou a preocupação com o potencial aumento do fluxo de aço importado da China, que tem sido constantemente mencionado por participantes do setor brasileiro ao longo dos últimos dois anos, impactando negativamente a operação da Usiminas. Com isso, em abril de 2024, o governo brasileiro implementou cotas máximas de importação, que, se excedidas, acarretariam uma tarifa de 25%. A eficácia dessa medida tem sido questionada, pois não conseguiu garantir condições competitivas equivalentes entre importações e produção nacional.
O CEO da Usiminas observou que, durante os dois últimos anos, o PIB brasileiro cresceu, mas a indústria de transformação local não conseguiu capitalizar essas oportunidades de maneira eficaz. Ele destacou a urgência em adotar novas estratégias, especialmente com a perspectiva de desaceleração econômica em 2025. Chara ressaltou a necessidade de um sistema mais amplo de medidas de controle e antidumping, além das tarifas já estabelecidas.
Em relação às exportações, a Usiminas pretende continuar focada na Argentina, um mercado considerado como extensão do mercado interno, para 2025. O vice-presidente comercial da Usiminas mencionou que a empresa está orientando suas exportações principalmente para a Argentina, com ênfase nos setores automotivo e de óleo e gás, assim como em produtos de maior valor agregado.
No período de outubro a dezembro de 2024, a Usiminas registrou um prejuízo líquido de R$ 117 milhões, refletindo em grande parte a desvalorização do real e revertendo o lucro líquido de R$ 975 milhões do mesmo período de 2023. O lucro líquido acumulado no ano foi de R$ 3 milhões, em comparação a R$ 1,6 bilhão no ano anterior. A receita líquida trimestral caiu 4%, totalizando R$ 6,4 bilhões, e a receita líquida anual caiu 6%, somando R$ 25,8 bilhões.
O Ebitda ajustado no quarto trimestre teve uma diminuição de 17%, totalizando R$ 518 milhões, enquanto que a redução para o ano foi de 8%, alcançando R$ 1,6 bilhão. A empresa encerrou o ano com R$ 5,9 bilhões em caixa e equivalentes, apresentando uma queda de 1% em comparação ao ano anterior, e uma dívida líquida de R$ 937 milhões, aumentando 46% em relação ao terceiro trimestre de 2024.
Em relação aos investimentos para 2025, a empresa divulgou que os valores devem variar entre R$ 1,4 bilhão e R$ 1,6 bilhão, sendo que entre R$ 900 milhões e R$ 1 bilhão será destinado à manutenção das operações. Em análise de mercado, foi observado que o balanço financeiro apresentou sinais de melhora, embora a qualidade dos lucros e o potencial de fluxo de caixa livre ainda sejam considerados baixos, levando a uma recomendação neutra para ações da empresa, com um preço-alvo projetado em R$ 8.
Na negociação de ações, as preferenciais da Usiminas apresentaram uma queda de 1,02%, cotadas a R$ 5,81. Apesar disso, as ações acumulam uma valorização de 9,2% em 2025, com a companhia avaliada em R$ 7,02 bilhões.