Trechos das denúncias apresentadas em 18 de outubro pela Procuradoria-Geral da República (PGR) revelam que o ex-presidente Jair Bolsonaro incentivou os manifestantes a permanecer acampados em frente aos quartéis do Exército após sua derrota nas eleições de 2022. O objetivo era “dar esperanças de que algo aconteceria” e “convencer as Forças Armadas a realizarem o golpe”. No entanto, de acordo com a investigação da Polícia Federal, o Exército não se envolvendo no plano golpista.
As declarações foram feitas pelo ex-ajudante de ordens Mauro Cesar Barbosa Cid, durante seu acordo de colaboração premiada. Enquanto a primeira parte de sua colaboração foi divulgada pela mídia, outras etapas ainda se encontram sob segredo de Justiça, gerando questionamentos por parte das defesas de Bolsonaro e de Braga Netto. Nas novas denúncias, trechos inéditos foram utilizados pelo PGR Paulo Gonet.
De acordo com a colaboração, “o presidente sempre dava esperanças de que algo aconteceria para convencer as Forças Armadas a concretizarem o golpe”. O colaborador também mencionou que essa estratégia foi uma das razões pelas quais Bolsonaro não desmobilizou os manifestantes que estavam em frente aos quartéis. Adicionalmente, Mauro Cid recordou um vídeo gravado pelo general Braga Netto, que está preso preventivamente desde dezembro de 2022, em que ele interagia com manifestantes e afirmava que ainda havia esperanças, uma vez que “ainda não havia terminado e algo iria acontecer”.
Na mesma data, Bolsonaro e seus aliados foram denunciados criminalmente ao Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativas de atentado ao estado democrático de direito e por tentativas de se manter no poder após a derrota eleitoral de outubro de 2022. Trechos inéditos da delação de Cid revelam que ele fez acusações contra seu antigo chefe, alegando que Bolsonaro teria instigado e arquitetado a tentativa de golpe. O ex-presidente é apontado como o líder da organização criminosa que planejou o atentado, e, caso condenado nas penas máximas, poderá enfrentar até quarenta anos de prisão.