19 março 2025
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O prefeito de Istambul: o maior opositor de Erdogan no cenário político

O principal adversário político do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, foi detido na quarta-feira, dia 19, sob alegações de corrupção e apoio a um grupo terrorista. A prisão de Ekrem Imamoglu, que é o prefeito de Istambul e bastante popular, foi denunciada pela oposição como um “golpe contra nosso próximo presidente”.

Essa intervenção contra Imamoglu ocorre em um contexto de crescente repressão judicial a membros da oposição em todo o país, uma estratégia que tem sido vista como uma tentativa de desestabilizar possíveis candidatos nas próximas eleições. Desde janeiro, Umit Ozdag, o líder do nacionalista Partido da Vitória, permanece detido nesse mesmo cenário.

Em resposta à detenção, a lira turca desvalorizou 12%, atingindo um recorde histórico de 42 liras por dólar. Essa queda reflete as preocupações globais sobre a deterioração do estado de direito em um mercado emergente que é também membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), sob a liderança de Erdogan há 22 anos. O governo turco rejeitou as acusações da oposição, afirmando que o sistema judiciário opera de maneira independente.

Ekrem Imamoglu, de 54 anos, que lidera algumas pesquisas de opinião em relação a Erdogan, é alvo de duas investigações que o acusam de estar à frente de uma organização criminosa, além de corrupção e fraude em licitações. Sua prisão foi realizada um dia após a Universidade de Istambul cancelar seu diploma, o que pode impedi-lo de concorrer nas próximas eleições.

Em um vídeo divulgado nas redes sociais, Imamoglu, que já ocupa o cargo há dois mandatos, afirmou que resistirá à pressão sofrida. O Partido Republicano do Povo (CHP), principal força da oposição, estava prestes a designá-lo como candidato presidencial para contestar Erdogan nas próximas eleições, que estão agendadas para 2028. Entretanto, Erdogan já cumpriu dois mandatos e, caso queira concorrer novamente, precisará convocar eleições antecipadas ou modificar a Constituição.

Apesar de ter sido reeleito no ano anterior, Erdogan enfrentou uma série de contratempos. O CHP, sob a liderança de Imamoglu, conquistou as principais cidades da Turquia e desbancou seu partido, o AK, em tradicionais redutos durante as eleições municipais.

O presidente do CHP, Ozgur Ozel, classificou a prisão de Imamoglu como uma “tentativa de golpe” e convocou a união dos grupos de oposição. O partido anunciou que continuará com os planos para indicar Imamoglu como candidato presidencial no próximo domingo, 23. Ozel afirmou que “a Turquia está passando por um golpe contra o próximo presidente”, enfatizando a gravidade da situação.

A organização Human Rights Watch caracterizou as acusações contra Imamoglu como “falsas e politicamente motivadas”, demandando sua liberação imediata.

Conforme um comunicado do escritório do promotor de Istambul, aproximadamente 100 pessoas, incluindo jornalistas e empresários, estão sob suspeita de envolvimento em atividades ilegais relacionadas a licitações municipais. Imamoglu, assim como outros seis políticos, é acusado de apoiar o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que é rotulado como organização terrorista pela Turquia e seus aliados ocidentais.

No mês passado, o PKK anunciou um cessar-fogo em resposta ao pedido de seu líder preso, Abdullah Ocalan, maracando um avanço significativo para solucionar um conflito interno que resultou em mais de 40 mil fatalities. Além disso, o gabinete do governador de Istambul proibiu a realização de reuniões e protestos na cidade por um período de quatro dias. A Turquia também impôs restrições ao acesso a várias redes sociais, incluindo X (ex-Twitter), YouTube, Instagram e TikTok, conforme relatado por um observatório da internet.

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