O Relógio do Juízo Final, um símbolo significativo da iminência de uma catástrofe global, está atualmente ajustado para 89 segundos antes da meia-noite, o que representa o ponto mais crítico desde sua criação em 1947. Este relógio, que é mantido pelo Bulletin of the Atomic Scientists, avalia a proximidade da humanidade de perigos existenciais, levando em consideração fatores como mudanças climáticas, tensões geopolíticas, crises nucleares e a proliferação de desinformação.
A recente atualização do relógio é um reflexo de uma série de crises interconectadas, abrangendo desde temperaturas extremas em diversas regiões do mundo até o aumento do nível do mar e a crescente desinformação, que prejudica esforços científico-políticos. Embora as notificações sobre a gravidade da situação visem incentivar ações efetivas, muitas pessoas sentem-se impotentes diante das complexidades dos problemas.
O cientista e comunicador científico, Frederic Bertley, observa que o envolvimento do público nessas questões muitas vezes oscila entre um estado de complacência e o desespero. Em discussões sobre a significância do Relógio do Juízo Final, ele enfatiza que deve ser visto como um chamado para ação em vez de uma mensagem de desespero. O relógio, que remonta ao Projeto Manhattan e sua relação com a criação de armas nucleares, indica que, à medida que os riscos aumentam, a humanidade se aproxima cada vez mais de um ponto crítico.
Historicamente, o risco nuclear sempre foi uma preocupação predominante, mas atualmente, as mudanças climáticas e a desinformação são ameaças igualmente significativas. Bertley destaca que eventos climáticos extremos, como incêndios florestais e ondas de calor, são acompanhados por uma desinformação que dificulta a adoção de ações concretas.
A fragmentação geopolítica é um dos obstáculos principais que dificulta a resolução desses problemas. Muitos países estão cada vez mais divididos em suas abordagens para enfrentar as mudanças climáticas, priorizando frequentemente interesses econômicos imediatos em detrimento da segurança futura. Bertley critica essa tendência, argumentando que compreender a magnitude do problema é crucial para que ações efetivas sejam tomadas.
A inação tanto na esfera corporativa quanto na política é evidente. Apesar das décadas de alertas sobre a crise climática, as grandes indústrias de combustíveis fósseis continuam a expandir suas operações. Já os tomadores de decisão frequentemente adiam ações significativas devido a considerações de curto prazo. Sem um esforço cooperativo global, agrava-se a possibilidade de que os riscos se tornem ainda mais intensos.
Para enfrentar essa situação, é vital que os cidadãos se tornem mais ativos. Não apenas pedir ações mais rigorosas em questões climáticas e de desinformação, mas também combater as informações falsas e promover uma forte educação científica são passos fundamentais. Estas ações podem ser efetivadas por meio do apoio ao jornalismo confiável e defesa de práticas sustentáveis, além de promover a comunicação clara sobre ciência.
A erosão da confiança na ciência e em seus especialistas é um dos fatores que contribui para a inação. O Dr. Bertley afirma que é essencial melhorar a educação e a comunicação científica para que as ameaças existenciais sejam levadas a sério. Ele sugere que pequenos esforços e mudanças podem gerar impactos significativos e promove a reflexão sobre a importância da conscientização.
Apesar do simbolismo alarmante do Relógio do Juízo Final, marcando um tempo crítico, Bertley acredita que ainda há espaço para ação eficaz. A ciência demonstrou que desafios globais podem ser superados quando a sociedade exige mudanças e os responsáveis são colocados em posição de prestar contas. A mensagem central é que a desesperança não é uma opção, e a verdadeira questão que permanece é se a humanidade tomará as medidas necessárias antes que seja tarde demais.