Rubens Barbosa, ex-embaixador do Brasil em Londres e Washington, manifestou surpresa e críticas em relação à declaração emitida pelo Itamaraty como resposta a uma comunicação do Escritório de Assuntos do Hemisfério Ocidental dos Estados Unidos, que faz parte do Departamento de Estado americano, sobre decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil. Durante sua participação em um programa, Barbosa indicou que esperava que o Itamaraty minimizasse o incidente, considerando o contexto mais amplo do que está acontecendo.
O diplomata ressaltou que a declaração inicial não foi feita diretamente pelo Departamento de Estado, mas por um setor específico dedicado ao Hemisfério Ocidental. Barbosa afirmou que essa distinção torna a reação brasileira inadequada. Ele indicou que a nota oficial da chancelaria brasileira pode ter exacerbado a situação desnecessariamente.
Barbosa argumentou ainda que, ao contrário do que a nota divulgada pelo Itamaraty indica, foram as autoridades brasileiras que trouxeram politicagem ao tema, não os representantes americanos. Ele indicou que uma análise das duas declarações revela que a politização partiu do lado brasileiro, enquanto a comunicação dos EUA foi mais geral.
O ex-embaixador sugeriu que a resposta do Itamaraty não foi elaborada por seus próprios integrantes, enfatizando que uma nota dessa natureza não seria típica da diplomacia brasileira. No entanto, ele destacou a importância de entender o contexto do incidente, mencionando o envolvimento de Elon Musk e as referências feitas pelo Senado americano sobre o ministro Alexandre de Moraes. Barbosa advertiu que este episódio pode ser apenas o início de uma série de desafios para a diplomacia brasileira.
Ele também mencionou que a pressão exercida por grupos favoráveis ao ex-presidente Bolsonaro nos Estados Unidos já está mostrando efeitos. O ex-embaixador afirmou que a recente visita da Comissão de Direitos Humanos da OEA ao Brasil é um exemplo dessa dinâmica. Barbosa concluiu expressando apreensão em relação à expansão desnecessária do incidente e reiterou que, em circunstâncias normais, o Itamaraty não teria emitido uma nota com esse tipo de conteúdo.
