15 abril 2025
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O Retorno do Ex-Ministro: A Estratégia de Lula para o Poder

Desde a aquisição do terceiro mandato por Lula, o governo iniciou uma ação voltada à reabilitação de membros do partido. Indivíduos que, ao longo dos anos, enfrentaram investigações, condenações e até encarceramento por delitos como corrupção estão agora se empenhando em restaurar sua imagem e reescrever sua narrativa, ou pelo menos ajustá-la. Por exemplo, o impeachment de Dilma Rousseff é frequentemente reclassificado como um golpe perpetrado por interesses políticos questionáveis, frequentemente associados a preconceitos de gênero. Apesar das dificuldades de aceitação dessa narrativa, ela está sendo amplamente promovida. Para exemplificar a suposta competência da ex-presidente, que não conseguiu se reeleger após seu mandato no Planalto, ela foi designada para liderar o Novo Banco de Desenvolvimento, uma entidade vinculada ao Brics. Essa mudança a levou de um modesto apartamento em Porto Alegre para uma residência confortável em Xangai, na China, além de aumentar sua aposentadoria em 50 mil dólares mensais, permitindo que ela retornasse a um estilo de vida repleto de reuniões com líderes globais e a emissão de opiniões sobre a economia mundial. O caso de Dilma é considerado um exemplo de reabilitação bem-sucedida.

Por outro lado, a situação de Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda durante nove anos de governo petista, permanece incerta. Ele é frequentemente apontado como responsável por falhas na política econômica e técnicas contábeis questionáveis que contribuíram para a queda de Dilma. Após deixar o governo, ele enfrentou uma enxurrada de acusações e foi preso durante a operação Lava Jato, admitindo ter uma conta não declarada na Suíça. Os processos jurídicos contra Mantega, alguns baseados apenas em delações, foram arquivados por falta de evidências ou prescreveram. Desde então, Lula tem tentado reintegrar Mantega aos círculos de poder, com a mais recente tentativa ocorrendo na semana passada, quando ele foi convidado a integrar o conselho fiscal da Eletrobras, privatizada durante a gestão de Bolsonaro. A indicação, que surgiu após o arquivamento de um processo por lavagem de dinheiro, ainda deve receber a aprovação dos acionistas.

Não é a primeira vez que Lula procura resgatar Mantega. Durante a transição de governo em 2022, o presidente o convidou para integrar um grupo encarregado de definir metas de planejamento e gestão. No entanto, foi necessário afastá-lo devido a uma condenação do Tribunal de Contas da União (TCU) que o tornava inelegível. Posteriormente, Lula também tentou incluí-lo no conselho de administração da mineradora Vale, mas a rejeição do mercado financeiro inviabilizou essa possibilidade. No ano passado, Mantega foi associado a tentativas de ingressar na petroquímica Braskem, cuja mera especulação causou queda nas ações da empresa. Enquanto aguardava novas oportunidades, o ex-ministro lecionou online na Fundação Perseu Abramo, ligada ao PT, e prestou consultoria para clientes específicos.

Caso a situação se concretize, Mantega se unirá a um grupo de indivíduos “anistiados”, que inclui, além de Dilma Rousseff, o ex-ministro José Dirceu e os ex-deputados João Paulo Cunha e José Genoino, todos condenados por corrupção, assim como o ex-governador Fernando Pimentel e os ex-tesoureiros Delúbio Soares e João Vaccari Neto. Desde a posse de Lula, Mantega realizou pelo menos cinco visitas a Brasília para reuniões no “gabinete presidencial” e no “gabinete pessoal do presidente”. As despesas dessas viagens foram pagas com recursos públicos, e estão documentadas no Portal da Transparência.

Em resposta a questionamentos sobre as reuniões, o Palácio do Planalto declarou que “não houve agenda do presidente Lula com Guido Mantega nas datas mencionadas”, contudo, não informou com quem ele poderia ter se encontrado nem os motivos da urgência das reuniões. Mantega também não se manifestou a respeito. A Eletrobras agendou para o dia 29 uma assembleia que decidirá sobre a aprovação da entrada do ex-ministro no conselho da empresa.

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