O Rock & Roll Hall of Fame nunca reconheceu oficialmente o Supertramp, uma banda frequentemente negligenciada em listas das grandes bandas da história elaboradas por publicações especializadas. Apesar de terem vendido mais de 20 milhões de álbuns ao longo da carreira, a popularidade do grupo pode parecer surpreendentemente discreta, com poucos fãs ostentando camisetas da banda. Esse fenômeno contrasta com outros artistas que, com menos popularidade, se tornaram ícones adorados.
A indústria musical anunciou o relançamento em formato triplo do LP Live in Paris, um dos álbuns mais emblemáticos do grupo, gravado durante a turnê mundial de 1979. A nova versão, que substitui o original de disco duplo, é esperada por muitos que, após ouvir repetidamente o vinil, estão dispostos a investir novamente nessa obra, embora de uma maneira reservada. A questão central é que muitos fãs do Supertramp preferem não expor publicamente sua admiração pela banda.
Historicamente, a imagem pública da banda não foi uma prioridade. Os integrantes optavam por não aparecer nas capas de álbuns e, em seu auge, um dos membros destacar-se pelo anonimato nas plateias de shows. Essa postura contrasta com outros artistas, como Mick Jagger, que raramente consegue escapar da atenção do público. Além disso, a banda evitou se envolver em escândalos que muitas vezes caracterizam a vida de artistas famosos, como excessos e polêmicas.
O estilo musical do Supertramp também gerou confusão entre críticos, que lutavam para classificá-los dentro de um gênero específico. Embora muitos os considerassem parte do rock progressivo, as canções de maior sucesso da banda se distanciam das típicas suítes desse estilo. Com letras irônicas e bem-humoradas, como demonstrado na famosa canção Logical Song, a banda se destacou com temas mais acessíveis e reflexivos, em contraste com a seriedade de suas contrapartes de rock progressivo.
Outra característica marcante do Supertramp é a ausência de um vocalista principal. Os compositores se revezavam nos vocais, criando duelos memoráveis entre a voz aguda de Roger Hodgson e os graves de Rick Davies. Contudo, a relação entre os dois se deteriorou após a turnê de Live in Paris, que sucedeu o álbum Breakfast in America, o mais bem-sucedido da banda, apresentando clássicos como Take a Long Way Home e Goodbye Stranger. A tentativa de Rick de continuar com a banda sem Hodgson não obteve o mesmo sucesso.
Após um afastamento dos palcos devido a um mieloma múltiplo em 2015, Rick Davies fez uma breve aparição em 2022, enquanto Roger Hodgson permanece ativo, realizando shows nostálgicos que frequentemente incluem Brasil em suas turnês. O relançamento de Live in Paris proporciona aos fãs a oportunidade de relembrar essa banda icônica, mesmo que esses admiradores prefiram manter sua paixão em sigilo.
